quarta-feira, 24 de abril de 2024

TESOURO DE EXEMPLOS (321/325)

 

321. UMA SÓ BOCA

Zenão, estando em companhia de um jovem que falava demais, disse-lhe: 'Fica sabendo que temos dois ouvidos e uma só boca, para escutarmos duas vezes mais do que falamos'.

322. GUARDANDO SILÊNCIO

Alguém perguntou a Pitágoras como poderia chegar a ser seu discípulo. O filósofo respondeu: 'Guardando silêncio até que seja necessário falar; não dizendo senão o que sabeis bem; fazendo o maior bem possível e falando pouco, porque o silêncio é sinal de prudência e a tagarelice é sinal de tolice. Não vos apresseis a responder, e deixai que aquele que pergunta acabe de falar. Não faleis mal de ninguém'. Costumava condenar seus discípulos a cinco anos de silêncio.

323. ADULAÇÃO EXAGERADA

Alexandre Magno atravessava um grande rio numa barca em companhia de Aristóbulo. Este, durante a travessia, pôs-se a ler em alta voz a história do conquistador, mesclada com elogios de uma adulação exagerada. Alexandre tomou o livro e atirou-o ao rio, dizendo que o autor merecia a mesma sorte, por ser mais culpado que os seus escritos.

324. NÃO RESPONDEREI

Um dia estava Metelo a falar mal de Tácito, que, ouvindo-o, disse-lhe: 'Podes falar como te aprouver, porque eu não responderei. Se aprendeste a falar mal, eu aprendi a desprezar a maledicência'.

325. DIANTE DE UM QUIOSQUE

Regressava Dom Bosco ao oratório numa tarde de 1851. Ao passar diante de um quiosque, parou para olhar os livros. O vendedor então lhe disse:
➖ Esses livros não servem para o senhor porque são todos protestantes.
➖ Estou vendo - disse-lhe o santo - mas, na hora da morte, estará o senhor tranquilo, depois de haver vendido tais livros e haver propagado o erro?

Ditas estas palavras, saudou-o e retirou-se. O vendedor perguntou quem era aquele sacerdote e, ao saber que era Dom Bosco, tratou de conversar com ele. Em seguida, levou-lhe todos os livros para serem queimados e, dali em diante, seguiu sempre o bom caminho.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

terça-feira, 23 de abril de 2024

FRASES DE SENDARIUM (XXVIII)

'Para Deus, vale mais uma hora de paciência que o jejum de um dia inteiro' 
(Dom Bosco)

'Portanto, como eleitos de Deus, santos e queridos, revesti-vos de entra­nhada misericórdia, de bondade, humildade, doçura e paciência' (Cl 3,12)

segunda-feira, 22 de abril de 2024

SOBRE A VIRTUDE CRISTÃ DA ESPERANÇA

Rezo para que, nesta Páscoa, o Senhor repita aos seus amigos: 'Por que estás tão deprimido, tão desanimado e por que está o teu coração perturbado?' Pois digo então a vós: Regozijai-vos porque há trevas e perseguição no mundo. Alegrai-vos porque há trevas e perseguições no mundo. Não disse o Mestre que, como o perseguiram, assim perseguiriam os seus seguidores? Teremos perdido a virtude cristã da esperança? Por que razão a nossa conduta deveria ser diferente daquela dos cristãos do primeiro século da nossa era? Também eles olhavam o mundo com desconfiança, esperando o seu fim a qualquer momento, precedido da vinda de Jesus Cristo e do julgamento. Mas aguardavam-no com coragem; procuravam as coisas mais altas com fé na Ressurreição.

Hoje, pelo contrário, há uma maioria de pessoas que procuram mais a segurança do que a felicidade na Ressurreição. Eles são, ou nós somos, como aqueles que, numa viagem marítima, se preocupam mais com o colete salva-vidas do que com a beleza do mar ou que, numa viagem aérea, se interessam mais pelo pára-quedas do que pela beleza do céu de Deus... Mas digamos com São Paulo: 'Se Cristo não ressuscitou, somos os mais miseráveis do mundo'. Como podemos acreditar que Deus reserva aos seus inimigos todas as satisfações e alegrias, e aos seus filhos todas as dores e sofrimentos? 

Estamos condenados a dependurar os braços nos salgueiros chorosos, a cantar apenas lamentações tristes, enquanto os filhos de Satanás riem e triunfam? Não! Vamos até Deus e o chamemos de 'Pai', como seus filhos por adoção, o que não é o mesmo que por escravidão. Não tenhamos medo! Estejamos plenamente convencidos de que Aquele que entrou no túmulo era a própria Verdade e que a Verdade, pisoteada, ressuscitará irresistivelmente... Que aqueles que acreditam na Ressurreição não percam o ânimo! Lembrem-se de que a Igreja, tal como Jesus, não só tem uma vida contínua, como também sobreviveu a milhares de crucificações e a outras tantas ressurreições... 

Não desanimeis! Lembrai-vos de que o vosso Rei, embora pareça ausente por vezes ao conceder ao mal as suas horas, vence sempre a competição. Dizei então como São Paulo: 'A tribulação ou a angústia? A fome, a nudez, os perigos, a perseguição, a espada? Estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as virtudes, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer criatura nos poderá separar do amor de Deus em Cristo Jesus, nosso Senhor'.

(Venerável Fulton Sheen)

domingo, 21 de abril de 2024

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se agora a pedra angular' (Sl 117)

Primeira Leitura (At 4, 8-12) - Segunda Leitura (1Jo 3,1-2) -  Evangelho (Jo 10,11-18)

  21/04/2024 - QUARTO DOMINGO DA PÁSCOA

21. O BOM PASTOR


No Quarto Domingo da Páscoa, Jesus se apresenta como o Bom Pastor: 'Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas' (Jo 10, 11). Jesus acabara de curar um cego de nascença e os fariseus o condenavam por ter praticado um milagre tão extraordinário num sábado. Mas o cego, superando a obstinação, a hipocrisia e as ameaças daqueles homens, não apenas viera reencontrar Jesus mas, como ovelha do Bom Pastor, prostrou-se diante dele e o adorou. Diante da multidão perplexa por estes fatos, Jesus projeta no cego curado as ovelhas do seu rebanho, e se apresenta como o Bom Pastor que acolhe as suas ovelhas com doçura extrema e infinita misericórdia, e que é capaz de dar a sua vida por elas.

Jesus, o Bom Pastor, conhece e ama, com profunda misericórdia, cada uma de suas ovelhas desde toda a eternidade: 'Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas' (Jo 10, 14 - 15). Nada, nem coisa, nem homem, nem demônio algum, poderá nos apartar do amor de Deus. Porque este amor, sendo infinito, extrapola a nossa condição humana e assume dimensões imensuráveis. Ainda que todos os homens perecessem e a humanidade inteira ficasse reduzida a um único homem, Deus não poderia amá-lo mais do que já o ama agora, porque todos nós fomos criados, por um ato sublime e extraordinariamente particular da Sua Santa Vontade, como herdeiros dos céus e para a glória de Deus: 'Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele a glória por toda a eternidade!' (Rm 11, 36).

A missão do Bom Pastor é universal, porque o rebanho é universal e só um verdadeiramente é o Bom Pastor, que não abandona nunca as suas ovelhas: 'Haverá um só rebanho e um só pastor' (Jo 10, 16). Todos aqueles que ainda não se encontram no redil do Bom Pastor, a Santa Igreja, devem ser buscados como ovelhas desgarradas, para que se unam ao único rebanho e que, sob a voz do Bom Pastor, sejam conduzidas com segurança às fontes da água da vida (Ap 7, 17): 'Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância' (Jo 1, 10). Jesus nos convoca, assim, à missão de um apostolado universal, delegando a todos nós, os batizados, a enorme tarefa da evangelização para que se faça, no redil da terra, um só rebanho e um só Pastor.

Reconhecer-nos como ovelhas do rebanho do Bom Pastor é manifestar em plenitude a nossa fé e esperança em Jesus Cristo, Deus Único e Verdadeiro: 'Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! Eterna é a sua misericórdia!' (Sl 117). Como ovelhas do Bom Pastor, a pedra angular (At 4, 11) que nunca nos será tirada, não nos basta ouvir somente a voz da salvação; é preciso segui-lo em meio às provações da nossa humanidade corrompida, confiantes e perseverantes na fé, pois 'desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como Ele é' (1 Jo 3, 2).

sábado, 20 de abril de 2024

'FICA NA BARCA E CLAMA POR DEUS!'

Por todas as coisas que fez, o Senhor nos ensina como viver aqui na terra. Não há ninguém neste mundo que não seja viajante, ainda que nem todos desejem regressar à pátria. Nós sofremos com as ondas e as tempestades que decorrem da travessia, mas, mesmo assim, fiquemos no navio. Com efeito, se dentro do navio corremos perigo, fora dele a morte é inevitável! Aquele que nada em alto mar pode ter muita força em seus braços, mas será, cedo ou tarde, vencido pela imensidão do oceano, é devorado por ele e desaparece.

Portanto, é necessário estarmos no navio, ou seja, sermos transportados pela madeira de um lenho, para poder atravessar o mar. O madeiro que carrega a nossa fraqueza é a cruz de nosso Senhor, da qual trazemos o sinal em nossa fronte, e que nos impede de ser engolidos pelo mundo. Sofremos as agitações das ondas, mas é o Senhor que nos transporta.

A barca que transporta os discípulos, isto é, a Igreja, navega, e a tempestade das provações a tomam de assalto. O vento contrário, ou seja, o demônio que faz oposição à Igreja, não se acalma, esforçando-se por impedi-la de chegar ao repouso do porto. Grande é, porém, aquele que intercede por nós. Com efeito, durante a tumultuosa navegação em que nos debatemos, ele nos inspira confiança, vem a nós e nos reconforta, a fim de que, sacudidos pela barca, não nos deixemos abater e não nos lancemos ao mar.

Porque, mesmo se a barca é sacudida pelas ondas, é apesar de tudo uma barca, e somente esta barca transporta os discípulos e acolhe Cristo. Ela corre um grande risco no mar mas, fora dela, imediatamente perecemos.

Conserva-te, pois, na barca e clama por Deus. Todos os conselhos podem falhar, o leme pode tornar-se insuficiente, as velas abertas mais perigosas que úteis – quando todos os socorros humanos falharem, só resta aos marinheiros rezar e elevar a Deus seus corações. Aquele que concede aos navegantes a graça de chegar ao porto, iria acaso abandonar a sua Igreja, em vez de reconduzi-la ao repouso?

(Santo Agostinho)

sexta-feira, 19 de abril de 2024

'NO CORAÇÃO DA IGREJA SEREI O AMOR'


Não obstante a minha pequenez, queria iluminar as almas como os Profetas e os Doutores, sentia a vocação de ser Apóstolo... Queria ser missionário, não apenas durante alguns anos, mas queria ter sido desde o princípio do mundo e continuar até a consumação dos séculos. Mas acima de tudo, ó meu amado Salvador, queria derramar o sangue por Vós até a última gota. 

Porque durante a oração estes desejos me faziam sofrer um autêntico martírio, abri as epístolas de São Paulo a fim de encontrar uma resposta. Casualmente fixei-me nos capítulos XII e XIII da Primeira Epístola aos Coríntios e li no primeiro que nem todos podem ser ao mesmo tempo Apóstolos, Profetas e Doutores..., que a Igreja é formada por membros diferentes e que os olhos não podem ao mesmo tempo ser as mãos. A resposta era clara, mas não satisfazia completamente os meus desejos e não me trazia a paz.

Continuei a ler e encontrei esta frase que me confortou profundamente: 'Procurai com ardor os dons mais perfeitos; eu vou mostrar vos um caminho mais excelente'. E o Apóstolo explica como todos os dons mais perfeitos não são nada sem o amor e que a caridade é o caminho mais excelente que nos leva com segurança até Deus. Finalmente tinha encontrado a tranquilidade.

Ao considerar o Corpo Místico da Igreja, não conseguira reconhecer-me em nenhum dos membros descritos por São Paulo; melhor, queria identificar-me com todos eles. A caridade ofereceu-me a chave da minha vocação. Compreendi que, se a Igreja apresenta um corpo formado por membros diferentes, não lhe falta o mais necessário e mais nobre de todos; compreendi que a Igreja tem coração, um coração ardente de amor; compreendi que só o amor fazia atuar os membros da Igreja e que, se o amor viesse a extinguir-se, nem os Apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho e nem os mártires a derramar o seu sangue; compreendi que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo e que abrange todos os tempos e lugares; em uma palavra, o amor é eterno.

Então, com a maior alegria da minha alma arrebatada, exclamei: 'Ó Jesus, meu amor! Encontrei finalmente a minha vocação'. A minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, e este lugar, ó meu Deus, fostes Vós que mo destes: no coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor; com o amor serei tudo; e assim será realizado o meu sonho.

(Santa Teresa de Lisieux)

quinta-feira, 18 de abril de 2024

O DOGMA DO PURGATÓRIO (LXXIX)

Capítulo LXXIX

Razões para o Socorro às Santas Almas - Heróis e Vítimas da Caridade - Os Exemplos dos Padres Laynez e Fabricius - Padre Nieremberg, Vítima da Caridade pelas Almas do Purgatório

'Aquele que esquece seu amigo, depois que a morte o tirou de sua vista, nunca lhe teve uma amizade verdadeira'. Estas palavras o Padre Laynez, Segundo Geral da Companhia de Jesus, repetia continuamente aos filhos de Santo Inácio. Ele desejava que os interesses das almas lhes fossem tão caros depois da morte como o foram durante a vida. Unindo o exemplo ao preceito, Laynez aplicou às almas do Purgatório uma grande parte das suas orações, sacrifícios e a satisfação que mereceu diante de Deus pelos seus trabalhos para a conversão dos pecadores. Os Padres da Companhia, fiéis às suas lições de caridade, manifestaram sempre um zelo particular por esta devoção, como se pode ver no livro intitulado 'Heróis e Vítimas da Caridade' na Companhia de Jesus, do qual transcrevo a seguinte página.

'Em Munster, na Vestfália, em meados do século XVII, surgiu uma epidemia que todos os dias fazia inúmeras vítimas. O medo paralisou a caridade da maior parte dos habitantes, e poucos foram os que se dedicaram a socorrer as infelizes criaturas atingidas pela peste. Foi então que o Padre Fabricius, animado pelo espírito de Laynez e Loyola, lançou-se na arena do sacrifício. Pondo de lado toda a precaução pessoal, empregou todo o seu tempo em visitar os doentes, em procurar remédios para eles e em dispô-los para uma morte cristã. Ouvia as suas confissões, administrava os últimos sacramentos, enterrava-os com as suas próprias mãos e, finalmente, celebrava o Santo Sacrifício para o repouso das suas almas.

De fato, durante toda a sua vida, este servo de Deus teve a maior devoção para com as almas santas. Entre todos os seus exercícios de piedade, o que lhe era mais caro, e que ele sempre recomendou vivamente, era o de oferecer o Santo Sacrifício da Missa pelos defuntos, sempre que as Rubricas o permitissem. Como resultado deste conselho, todos os Padres de Munster resolveram consagrar um dia de cada mês aos fiéis defuntos; cobriram a sua igreja de luto e rezavam com toda a solenidade pelos fieis defuntos. Deus dignou-se, como faz muitas vezes, recompensar o Padre Fabricius e encorajou o seu zelo com várias aparições das almas sofredoras. Umas pediam-lhe que apressasse a sua libertação, outras agradeciam-lhe o alívio que lhes tinha proporcionado; outras ainda anunciavam-lhe o momento feliz da sua libertação. 

O seu maior ato de caridade foi aquele que realizou no momento da sua morte. Com uma generosidade verdadeiramente admirável, sacrificou todos os sufrágios, orações, missas, indulgências e mortificações que a sua sociedade religiosa aplicava aos seus membros falecidos. Pediu a Deus que os privasse deles para o alívio das almas sofredoras que mais agradassem a sua Divina Majestade'.

Já falamos anteriormente do Padre Nieremberg, célebre tanto pelas obras de piedade que publicou como pelas eminentes virtudes que praticou. A sua devoção pelas almas santas, não contente com sacrifícios e orações frequentes, levava-o a sofrer por elas com uma generosidade que muitas vezes chegava ao heroísmo.  Entre os seus penitentes, na corte de Madri, havia uma senhora de classe que, sob a sua sábia direção, tinha atingido um alto grau de virtude no meio do mundo, mas era atormentada por um medo excessivo da morte, tendo em vista o Purgatório que a esperava. Adoeceu perigosamente e os seus temores aumentaram de tal modo que quase perdeu os sentimentos cristãos. O seu santo confessor empregou todos os meios que o seu zelo podia sugerir, mas em vão; não conseguiu restituir-lhe a tranquilidade, nem conseguia convencê-la a receber os últimos sacramentos.

Para coroar este infortúnio, perdeu subitamente a consciência e ficou reduzida a uma letargia completa.. O padre, justamente alarmado com o perigo desta alma, retirou-se para uma capela perto do quarto da moribunda. Ali ofereceu o Santo Sacrifício com o maior fervor para obter para a doente tempo suficiente para que recebesse os sacramentos da Igreja. Ao mesmo tempo, movido por uma caridade verdadeiramente heróica, ofereceu-se como vítima à Justiça Divina, para sofrer nesta vida todos os sofrimentos reservados àquela pobre alma na outra.

A sua oração foi ouvida. Mal terminou a missa, a doente recobrou a consciência e constatou-se que estava completamente mudada. Estava tão bem disposta que pediu os últimos sacramentos, os quais recebeu com pungente fervor. Depois, ouvindo do seu confessor que não tinha nada a temer do Purgatório, expirou perfeitamente serena e com um sorriso nos lábios.

A partir dessa hora, o Padre Nieremberg foi submetodo a todo tipo de sofrimento, tanto do corpo como da alma. Os dezesseis anos restantes da sua vida foram um longo martírio e um rigoroso purgatório. Nenhum remédio humano podia aliviá-lo e seu único consolo estava na lembrança da sagrada causa pela qual ele os suportou. Finalmente, a morte veio pôr fim aos seus terríveis sofrimentos e, ao mesmo tempo, podemos razoavelmente acreditar, abrir-lhe as portas do Paraíso, pois está escrito: 'bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia'.

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog.