domingo, 26 de janeiro de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'Vossas palavras, Senhor, são espírito e vida!' (Sl 18B)

Primeira Leitura (Ne 8,2-6.8-10) - Segunda Leitura (1Cor 12,12-30) -  Evangelho (Lc 1,1-4;4;14-21)

  26/01/2025 - TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM 

O UNGIDO DO PAI


O Evangelho de São Lucas traduz, em larga escala, a personalidade ímpar do autor, de alguém que, embora possa não ter sido testemunha ocular dos acontecimentos narrados: 'como nos foram transmitidos por aqueles que, desde o princípio, foram testemunhas oculares e ministros da palavra' (Lc 1, 2), elaborou uma obra regida particularmente pelo rigor da informação e por uma ordenação lógica dos eventos associados à vida pública de Jesus: 'após fazer um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever de modo ordenado' (Lc 1, 3), o que a torna fruto do trabalho de um eminente escritor e historiador: 'Deste modo, poderás verificar a solidez dos ensinamentos que recebeste' (Lc 1, 4).

Desta forma, a par a semelhança e a mesma contextualização geral com os demais evangelhos sinóticos (São Mateus e São Marcos), o evangelho de São Lucas é pautado por uma visão própria, objetiva e cronológica da doutrina e dos ensinamentos públicos de Jesus (tempo presente da narrativa), inserida num contexto histórico do passado (Antigo Testamento) e do futuro (tempo da Igreja), incorporando, assim, um caráter muitíssimo pessoal e, portanto, original, à transcrição das mensagens evangélicas.

Após um preâmbulo típico do rigor objetivo do historiador, São Lucas desvela o instrumento de evangelização adotado por Jesus - a pregação pública e sua estrita observância, neste sentido, aos preceitos da Lei - a leitura, aos sábados, da palavra sagrada nas sinagogas. No seu primeiro retorno à Nazaré, foi convidado a ler e a comentar uma passagem do Livro de Isaías: 'Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa-nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor' (Lc 1, 17 - 19).

Ao recolher o rolo de pergaminho e se sentar, ao final da leitura 'todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele' (Lc 1, 20), porque, de certa forma, compreendiam a grandiosidade deste momento, que se materializou, então, com a manifestação direta e sucinta de Jesus: 'Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir' (Lc 1, 21), anunciando aos homens ser Ele o Ungido pelo Espírito Santo para fazer novas todas as coisas, para abrir os tempos do Messias esperado por todo Israel e para testemunhar aos homens a presença viva do Reino de Deus sobre a terra.

sábado, 25 de janeiro de 2025

FRASES DE SENDARIUM (XLV)


'A caridade é a alma da fé' 

(Santo Antônio de Pádua)

A caridade é a mãe de todas as virtudes, assim como a soberba é a raiz de todos os pecados. Sê humilde e pratica a caridade em tudo e com todos os teus irmãos, em todas as situações. Espelha-te no bom samaritano em todos os caminhos de tua vida!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

VERSUS: RISOS X LÁGRIMAS


'Contra todas as maquinações e ardis do inimigo, a minha melhor defesa continua a ser o espírito da alegria. O diabo nunca fica tão contente como quando consegue arrebatar a alegria à alma de um servo de Deus. Ele tem sempre uma reserva de poeira que sopra na consciência através de qualquer orifício, para tornar opaco o que é límpido; mas em vão tenta introduzir o seu veneno mortal num coração repleto de alegria. Os demônios não podem nada contra um servo de Cristo que encontram repleto de santa alegria; enquanto uma alma desgostosa, melancólica e deprimida se deixa facilmente submergir pela tristeza ou absorver por prazeres enganosos'.

(São Francisco de Assis)



'Nem todas as lágrimas são um sinal de falta de fé ou de fraqueza. Uma coisa é a dor natural, outra a tristeza que resulta da descrença. A dor não é a única a manifestar-se com lágrimas; também a alegria tem as suas lágrimas, também o afeto suscita lágrimas, a palavra rega o solo com lágrimas, e a oração, segundo as palavras do profeta, banha de lágrimas o nosso leito (Sl 6,7). Quando os patriarcas eram sepultados, o seu povo também chorava muito. As lágrimas são, pois, um sinal de afeto e não incitações à dor. Chorei, confesso-o, mas também o Senhor chorou (Jo 11,35); Ele chorou por uma pessoa que não era da sua família, enquanto eu choro um irmão. Ele, num só homem, chorou todos os homens; e eu chorar-te-ei, meu irmão, em todos os homens'.

(Santo Ambrósio, em memória da morte do seu irmão)

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

TESOURO DE EXEMPLOS (399/401)


CONTOS DE FANTASIA (LENDAS)

399. O ORGULHOSO NÃO SE AJOELHA

Diz uma lenda que na cidade de Colônia vivia um padre santo. Não era sábio; não era eloquente; mas era um grande confessor. Dizem que todos os que se levantavam de seu confessionário levavam na fronte o ósculo da paz.

Foi na véspera de uma grande solenidade. Uma grande multidão de penitentes esperava ao redor do confessionário daquele santo sacerdote. Entre eles achava-se um homem, o único que se conservava de pé. Tinha um rosto triste. escuro, quase negro.... atitude que revelava imensa tristeza e desconcertante inquietação. Chegou a sua vez. Acercou-se do confessionário, mas não se ajoelhou.
➖ Irmão - disse brandamente o confessor - ajoelhe-se.
➖ Nunca! Eu nunca me ajoelho.
➖ Quem é o senhor?
➖ Isso não lhe importa.
➖ De onde vem?
➖ Também isso não lhe importa.
➖ O senhor tem razão - respondeu humildemente o confessor - nada disso me importa. Mas, então, o que deseja?
➖ Confessar-me, porque trago dentro do meu coração um inferno que me abrasa e busco a paz.
➖ Irmão - replicou o confessor com toda humildade de sua alma - se procura a paz, aqui a encontrará, mas deve ajoelhar-se.

O penitente, com um gesto de soberba, respondeu:
➖ Nunca! Já lhe disse que nunca me ajoelho.
➖ Irmão - disse então o confessor com grande mansidão - compadeço-me do senhor; faça de pé a sua confissão, pois quando tiver diante dos olhos a gravidade de seus pecados, certamente se ajoelhará.
➖ Nunca! - atalhou o penitente- Ajoelhar-me? Nunca! Mil vezes lhe direi que não me ajoelho nunca!
➖ Irmão, comece então!
E começou o penitente a contar os seus pecados. 

E eram tantos e tão horríveis, que o confessor, que até então conservara os olhos baixos, levantou-os, fixou o penitente e disse-lhe com extrema bondade:
➖ Irmão, o senhor está me enganando.
➖ Não o engano.
➖ Esses pecados o senhor não pôde cometê-los.
➖ Mas eu os cometi.
➖ Para ter cometido tantos pecados seria necessário que o senhor fosse muito mais velho do moço que ainda é.
➖ Moço? Já tenho muitos séculos!
➖ Muitos séculos?
➖ Sim... muitos séculos!
➖ Quem é o senhor, afinal?
➖ Não lhe importa.
➖ De onde vem?
➖ De uma região onde não há sol.
➖ Então já adivinho quem és. Irmão, ainda há perdão e misericórdia para o senhor, mas ajoelhe-se.
➖ Nunca! Nunca me ajoelharei!
➖ Então o senhor é...
➖ Sou Satanás! E desapareceu.
Sim; há perdão para todos os pecadores. Nosso Senhor exige apenas que o pecador, reconhecendo e detestando os seus pecados, humilde e sinceramente os acuse no tribunal da penitência.

400. A MORTE NIVELA TUDO

Morreu em 1916 Francisco José, imperador da Áustria, que por muitos anos soubera conservar, sob o poderio paternal de seu cetro, muitos povos que antes viviam em contínuas guerras. O féretro foi levado à cripta da igreja dos Padres Capuchinhos de Viena, onde jazem outros reis e imperadores.

O mestre de cerimônias bateu à porta.
➖ Quem é? - perguntou do lado de dentro, segundo o cerimonial, um padre capuchinho.
Os cortesãos responderam:
➖ Francisco José, imperador e rei.
De lá de dentro a mesma voz austera do frade respondeu:
➖ Não o conheço.

Fez-se um momento de silêncio dentro da cripta. Do lado de fora, à porta, deliberavam os senhores e políticos. Bateram outra vez. E outra vez insiste de dentro o guardião daquelas tumbas:
➖ Quem é?
➖ Francisco José de Habsburgo - responderam de fora os que sustentavam em seus ombros o régio féretro.
E de novo ouviu-se a voz do frade:
➖ Não o conheço.

Fez-se mais um momento de silêncio e mais um instante de deliberação. Urgia, porém, entregar à terra aqueles restos mortais que foram ontem de homem tão grande e que hoje ninguém os queria em parte alguma. Por isso, após um instante de imponente silêncio, outra vez a voz do Capuchinho interroga:
➖ Quem é?
E aquele que respondia em nome da política e da grandeza do império austríaco, respondeu agora:
➖ Um pobre morto.
A voz serena e imutável do guardião daqueles túmulos respondeu imediatamente:
➖ Entre!

E abriram-se as portas, dando entrada ao cadáver e ali, como um pobre morto, foi enterrado o célebre imperador: Francisco José, rei e imperador da Áustria. É certo que a morte nivela tudo. De toda a grandeza, como de toda a miséria, após a morte resta apenas um cadáver que dentro em pouco não será mais do que pó e cinza.

401. O REI MIDAS

Narra a mitologia que o rei Midas, o qual era muito avarento, por ter tratado bem a Sileno, seu prisioneiro, recebeu dos deuses a grande recompensa de converter em ouro tudo quanto a sua mão tocasse. Uma bela fortuna, não é verdade? Uma fortuna?!

Fora de si de contente, aquele rei tocou seu bastão, e o bastão se converteu em ouro cintilante; tocou a parede e a parede tornou-se toda de ouro; meteu a mão na algibeira, e toda a sua veste converteu-se num bloco de ouro preciosíssimo.. .
No palácio real, tudo agora era ouro. O rei assentou-se à mesa. A sopa, apenas lhe tocou os lábios, tornou-se ouro; o pão, a carne, tudo tornava-se ouro, de modo que o rei Midas não pôde tomar alimento algum e depois de alguns dias ia morrendo de fome rodeado de ouro. Assim diz a fábula.
Mas eu vos digo, em outro sentido, que também nós possuímos um meio de converter em ouro, isto é, em mérito preciosíssimo, todas as nossas obras. Esse meio consiste em conformar sempre e em tudo a nossa vontade com a santa vontade de Deus.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

SOBRE A CONVERSÃO DOS PECADORES

Os pregadores da verdade e os ministros da graça divina, todos os que, desde o princípio até os nossos dias, cada um a seu tempo, expuseram a vontade salvífica de Deus, dizem que nada lhe é tão agradável e conforme a seu amor como a conversão dos homens a Ele com sincero arrependimento. E para dar a maior prova da bondade divina, o Verbo de Deus Pai (ou melhor, o primeiro e único sinal de sua bondade infinita), num ato de humilhação que nenhuma palavra pode explicar, num ato de condescendência para com a humanidade, dignou-se habitar no meio de nós, fazendo-se homem. E realizou, padeceu e ensinou tudo o que era necessário para que nós, seus inimigos e adversários, fôssemos reconciliados com Deus Pai e chamados de novo à felicidade eterna que havíamos perdido.

O Verbo de Deus não curou apenas as nossas enfermidades com o poder dos milagres. Tomou sobre si as nossas fraquezas, pagou a nossa dívida mediante o suplício da cruz, libertando-nos dos nossos muitos e gravíssimos pecados, como se ele fosse o culpado, quando na verdade era inocente de qualquer culpa. Além disso, com muitas palavras e exemplos, exortou-nos a imitá-lo na bondade, na compreensão e na perfeita caridade fraterna.

Por isso dizia o Senhor: 'Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores para a conversão' (Lc 5,32). E também: 'Aqueles que têm saúde não precisam de médicos, mas sim os doentes' (Mt 9,12). Disse ainda que havia vindo buscar a ovelha desgarrada e que fora enviado às ovelhas perdidas da casa de Israel. Do mesmo modo, pela parábola da dracma perdida, deu a entender mais veladamente que viera restaurar no homem a imagem divina que estava corrompida pelos mais repugnantes pecados. E afirmou: 'Em verdade eu vos digo, haverá mais alegria no céu por um só pecador que se converte' (cf Lc 15,7).

Por esse motivo, contou a parábola do bom samaritano: àquele homem que caíra nas mãos dos ladrões, e fora despojado de todas as vestes, maltratado e deixado semimorto, untou-lhe as feridas, tratou-as com vinho e óleo e, tendo colocado em seu jumento, deixou-o numa hospedaria para que cuidassem dele; pagou o necessário para o seu tratamento e ainda prometeu, dar na volta, o que porventura se gastasse a mais.

Mostrou-nos ainda a condescendência e bondade do pai que recebeu afetuosamente o filho pródigo que voltava, como o abraçou porque retornara arrependido, revestiu-o de novo com as insígnias de sua nobreza familiar e esqueceu todo o mal que fizera. Pela mesma razão, reconduziu ao redil a ovelhinha que se afastara das outras cem ovelhas de Deus e fora encontrada vagueando por montes e colinas. Não lhe bateu nem a ameaçou nem a extenuou de cansaço; pelo contrário, colocando-a em seus próprios ombros, cheio de compaixão, trouxe-a sã e salva para o rebanho.

E deste modo exclamou: 'Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo' (Mt 11,28-29). Ele chamava de jugo os mandamentos ou a vida segundo os preceitos evangélicos; e quanto ao peso, que pela penitência parecia ser grande e mais penoso, acrescentou: 'O meu jugo é suave e o meu fardo é leve' (Mt 11,30).

Outra vez, querendo nos ensinar a justiça e a bondade de Deus, exortava-nos com estas palavras: 'Sede santos, sede perfeitos, sede misericordiosos, como também vosso Pai celeste é misericordioso' (cf Mt 5,48; Lc 6,36). E ainda: 'Perdoai, e sereis perdoados' (Lc 6,37) e 'Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles' (Mt 7,12).

(Das Cartas de São Máximo, o Confessor)

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

QUESTÕES SOBRE A DOUTRINA DA SALVAÇÃO (III)

P.5 - Mas se um homem agir de acordo com os ditames de sua consciência e seguir exatamente a luz da razão que Deus implantou nele como guia, isso não seria suficiente para conduzi-lo à salvação?

Esta é, de fato, uma proposição aparentemente atraente; mas há uma falácia subjacente. Quando o homem foi criado, sua razão era então uma razão iluminada, esclarecida pela graça da justiça original, com a qual sua alma estava adornada. A razão e a consciência eram guias seguros para conduzi-lo ao caminho da salvação. Mas, pelo pecado, essa luz foi miseravelmente obscurecida e sua razão nublada pela ignorância e erro. Não foi, de fato, completamente extinta; ainda ensina claramente muitas grandes verdades, mas atualmente está tão influenciada pelo orgulho, paixão, preconceito e outros motivos corruptos que, em muitos casos, serve apenas para confirmar o erro, dando aparência de razão às sugestões do amor-próprio e da paixão. Isso é muito comum, mesmo nas coisas naturais; mas no sobrenatural, nas coisas que dizem respeito a Deus e à eternidade, nossa razão, se deixada por si mesma, é miseravelmente cega. Para remediar isso, Deus nos deu a luz da fé como um guia seguro para nos conduzir à salvação, designando a sua santa Igreja como guardiã e depositária dessa luz celestial; consequentemente, embora um homem possa pretender agir de acordo com a razão e a consciência, e até se iludir pensando que o faz, ainda assim, a razão e a consciência, se não estiverem iluminadas e guiadas pela verdadeira fé, jamais poderão conduzi-lo à salvação.

P.6 -  As Sagradas Escrituras fornecem alguma luz sobre este assunto?

Nada pode ser mais claro do que as palavras das Sagradas Escrituras: 'Há um caminho' - diz o sábio - 'que ao homem parece direito, mas cujo fim conduz à morte' (Pv 14,12) e isso é repetido em (Pv 16,25). O que pode ser mais claro do que isso, para mostrar que um homem pode agir de acordo com o que pensa ser a luz da razão e da consciência, persuadido de que está fazendo o que é certo, e ainda assim, na realidade, está apenas seguindo pelo caminho da perdição? E não pensam todos aqueles que são seduzidos por falsos profetas e falsos mestres que estão no caminho certo? Não é sob o pretexto de agir de acordo com a consciência que são seduzidos? E ainda assim, a própria boca da verdade declarou: 'Se o cego guiar o cego, ambos cairão na mesma cova' (Mt 15,14).

Para nos mostrar até onde pode chegar a maldade humana sob o pretexto de seguir a consciência, a mesma Verdade Eterna diz aos Seus apóstolos: 'A hora vem em que todo aquele que vos matar pensará que presta serviço a Deus' (Jo 16,2), mas observe o que Ele acrescenta: 'E farão isso porque não conhecem o Pai nem a Mim' (Jo 16,3), o que mostra que, se alguém não tem o verdadeiro conhecimento de Deus e de Jesus Cristo, o qual só pode ser obtido pela verdadeira fé, não há qualquer atrocidade da qual ele não seja capaz, pensando que está agindo de acordo com a razão e a consciência. Se tivéssemos apenas a luz da razão para nos orientar, estaríamos justificados em segui-la; mas como Deus nos deu um guia externo em sua santa Igreja, para auxiliar e corrigir nossa razão cega pela luz da fé, nossa razão sozinha, sem a assistência desse guia, nunca poderá ser suficiente para a salvação.

Nada esclarecerá isso melhor do que alguns exemplos. A consciência de um pagão lhe diz que não é apenas lícito, mas um dever adorar e oferecer sacrifício a ídolos, obra das mãos dos homens. Isso o salvará, fazendo-o de acordo com sua consciência? Ou esses atos de idolatria serão inocentes ou agradáveis aos olhos de Deus, porque realizados de acordo com a consciência? Acrescente a isso Veja acima, sec. 3, nº 9, a resposta que a Palavra de Deus dá a essa questão; a isso acrescente a de um sábio, 'O ídolo feito por mãos humanas é amaldiçoado, assim como quem o fez... pois o que é feito, juntamente com quem o fez, sofrerá tormentos' (Sb 14,8.10); 'Quem sacrificar a deuses que não ao Senhor será condenado à morte' (Ex 22,19). Da mesma forma, a consciência de um judeu lhe diz que pode blasfemar contra Jesus Cristo e aprovar a conduta de seus antepassados ao matá-lo na cruz. Tal blasfêmia o salvará, porque está de acordo com os ditames de sua consciência? 

O Espírito Santo, pela boca de São Paulo, diz: 'Se alguém não ama nosso Senhor Jesus Cristo, seja anátema' ou seja, 'amaldiçoado' (1Cor 16,22). Um muçulmano é ensinado por sua consciência que seria um crime crer em Jesus Cristo e não crer em Maomé; essa consciência ímpia o salvará? As Escrituras nos asseguram que 'não há outro nome dado aos homens debaixo do céu, pelo qual possamos ser salvos', senão o nome de Jesus apenas, e 'quem não crer no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele'. Todas as várias seitas que se separaram da verdadeira Igreja, em todas as épocas, sempre caluniaram e difamaram a Igreja, falando mal da verdade por ela professada, crendo em suas consciências que isso não só era lícito, mas altamente meritório. 

As calúnias e difamações contra a Igreja de Jesus Cristo as salvarão, porque suas consciências as aprovaram? A Palavra de Deus declara: 'A nação e o reino que não a servirem perecerão' (Is 60,12) e 'assim como houve entre o povo falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos doutores, que introduzirão disfar­çadamente seitas perniciosas. Eles, renegando assim o Senhor que os resgatou, atrairão sobre si uma ruína repentina' (2Pd 2,1). Em todos esses casos, e em casos semelhantes, a consciência é o maior crime, e mostra até que ponto a consciência e a razão podem nos levar, quando sob a influência do orgulho, paixão, preconceito e amor-próprio. Portanto, a consciência e a razão nunca podem ser guias seguros para a salvação, a menos que sejam dirigidas pela luz sagrada da verdade revelada.

(Excertos da obra 'The Sincere Christian', V.2, do bispo escocês George Hay, 1871, tradução do autor do blog)

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

FRASES DE SENDARIUM (XLIV)


'Apesar de conhecer toda a profundeza da misericórdia divina, admirei-me que Deus permita que a humanidade exista’

(Santa Faustina Kowalska, ao ser dada a conhecer por Jesus dos pecados cometidos pelos homens durante os dias de carnaval)

'Ó Sangue e Água, que jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de misericórdia para nós, eu confio em vós!'