43. UMA VERDADEIRA EDUCADORA
Aos 20 de março de 1869 morria no Tirol (Austria) uma educadora por nome Joana da Cruz. Depois que ela deu o último suspiro, todos diziam: 'Morreu uma santa! Sim, morreu uma santa!'
Os que haviam frequentado a sua escola gostavam de contar a impressão que sentiam cada vez que a viam entrar na classe. 'Parecia-nos - diziam - que era Jesus que entrava. Falava como Jesus. Comportava-se como Jesus. De seus olhos e de todo o seu ser resplandecia a imagem de Jesus'. Aquela santa educadora revestira-se realmente de Jesus Cristo.
44. A TENTAÇÃO E O SINAL DA CRUZ
Santa Margarida, mártir, era uma donzela de rara beleza. Aos dezesseis anos de idade, dirigiu-se a seu pai, que era pagão, e disse-lhe:
➖ Meu pai, quero confiar-lhe um segredo. O senhor é sacerdote dos ídolos; eu, porém, sou batizada e creio em Jesus Cristo.
Imediatamente apoderou-se daquele homem um furor selvagem. Atirou-se sobre a filha, como uma fera e logo mandou enviá-la ao cárcere. Na prisão apareceu-lhe o demônio, murmurando-lhe ao ouvido: 'Ora, vamos, não seja tola. Você é jovem e bela. Aí bem perto a espera um noivo pagão, rico e nobre; com ele você viverá dias felizes. Abandone a Jesus'.
Quereis saber o que fez Margarida nessa terrível tentação, nesse perigo iminente de perder a sua alma? Devotamente fez o sinal da cruz e, no mesmo instante, o demônio desapareceu. Aproximou-se dela o Anjo da Guarda e a consolou. Passados alguns dias foi Margarida conduzida ao lugar do martírio.
Diante daquela juventude radiante, daquela formosura encantadora, o algoz ficou comovido e a espada vacilou em sua mão. Iria ele desistir de dar o golpe? Iria ela perder, a palma do martírio? Margarida fez o sinal da cruz e disse: 'Dê o golpe, irmão; a cruz é minha força!'
Inclinou a cabeça e colheu a palma do martírio. A cruz deu-lhe a Vitória.
45. POR QUE A MORTIFICAÇÃO?
São Nilo, antes de sua conversão, pecara contra a santa pureza. Converteu-se. E desde a sua conversão jamais comeu carne, jamais bebeu vinho ou outra bebida alcoólica. Comia somente legumes e frutas, bebia somente água. Renunciou, igualmente, ao seu leito macio e dormia sobre tábuas. A sua penitência, a sua mortificação foi sincera, foi perseverante; nunca mais recaiu nas antigas faltas.
Dizem os mestres espirituais que o uso de muita carne torna o homem sensual e propenso ao pecado; o vinho por sua vez, e em geral as bebidas alcoólicas, são a causa de graves tentações impuras.
46. O PODER DA CRUZ
O caso que vou contar é engraçado, mas dá-nos uma preciosa lição sobre o poder da santa cruz. Tinham os monges de certo convento o sagrado dever de descer todos os dias à igreja e, ali, sentando-se o Abade em sua grande cadeira de superior, e eles nos bancos do presbitério, cantavam os louvores de Deus.
Sucedeu que, um dia, o santo Abade Leufrido se achava adoentado em seu pobre leito e não pode descer para presidir ao oficio em sua igreja. O demônio, que vive rodeando também os santos e servos de Deus, achou que era chegada a ocasião de todos os monges lhe prestarem reverência. Tomou, pois, o hábito e a figura do Abade, desceu com os outros ao presbitério e sentou-se depressa na grande cadeira com ar de importância. Todos os monges fizeram-lhe reverência; mas um deles, chegando atrasado por vir da cela do Abade, viu com espanto outro Leufrido ali sentado.
Voltando imediatamente à cela do superior, disse alvoroçado:
➖ Dom Abade, que é isso? Estais ao mesmo tempo em dois lugares? Acabo de encontrar-vos sentado no presbítero, e estais aqui... o que é isso?
Caiu o Abade na conta do diabólico estratagema e, sentindo-se com forças bastante, foi depressa à igreja; mas, antes de entrar, no presbitério, traçou o sinal da cruz em todas as portas e janelas. Entrou, depois, no presbitério e, armado de um bom chicote molhado em água benta, começou a açoitar o fingido Abade.
O demônio fugiu espavorido e Leufrido 0 seguiu. O demônio queria passar por uma porta e, embora estivesse aberta, voltou correndo; aproximou-se de uma janela, e não conseguiu passar, porque em toda parte encontrava pela frente o sinal da cruz. O Abade surrou o demônio a valer; os monges riam-se a bandeiras despregadas; e o diabo escapou, afinal, por uma chaminé! É que o santo se esquecera de fazer ali o sinal sagrado...
Leufrido tomou, então, a palavra e explicou aos religiosos que Deus permitira aquela cena para que eles conhecessem o poder da Cruz e, nas tentações, não deixassem de benzer-se com o sinal sagrado, que o demônio tanto teme e detesta.
(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos' - Volume II, do Pe. Francisco Alves, 1960; com adaptações)