segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

FRASES DE SENDARIUM (XLIV)


'Apesar de conhecer toda a profundeza da misericórdia divina, admirei-me que Deus permita que a humanidade exista’

(Santa Faustina Kowalska, ao ser dada a conhecer por Jesus dos pecados cometidos pelos homens durante os dias de carnaval)

'Ó Sangue e Água, que jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de misericórdia para nós, eu confio em vós!'

20 DE JANEIRO - SÃO SEBASTIÃO

São Sebastião foi um oficial romano, do alto escalão da Guarda Pretoriana do imperador Diocleciano (imperador de Roma entre 284 e 305 de nossa era e responsável pela décima e última grande perseguição do Império Romano contra o Cristianismo), que pagou com a vida sua devoção à fé cristã. Denunciado ao imperador por ser cristão e acusado de traição, foi condenado a morrer de forma especial: seu corpo foi amarrado a um tronco servindo de alvo a flechas disparadas por diferentes arqueiros africanos.

Primeiro Martírio: São Sebastião flechado

Abandonado pelos algozes que o julgavam morto, foi socorrido e curado e, de forma incisiva, reafirmou a sua convicção cristã numa reaparição ao próprio imperador. Sob o assombro de vê-lo ainda vivo, São Sebastião foi condenado uma vez mais sendo, nesta sua segunda flagelação, brutalmente açoitado e espancado até a morte. O seu corpo foi atirado num canal de esgotos, de onde foi depois retirado e levado até as catacumbas romanas. Suas relíquias estão preservadas na Basílica de São Sebastião, na Via Apia, em Roma. É venerado por toda a cristandade como modelo de vida cristã, mártir da Igreja e defensor da fé e padroeiro de diversas cidades brasileiras, incluindo-se o Rio de Janeiro. Sua festa é comemorada a 20 de janeiro, data de sua morte no ano 304.

Segundo Martírio: São Sebastião espancado até a morte

domingo, 19 de janeiro de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'Cantai ao Senhor Deus um canto novo, manifestai os seus prodígios entre os povos!' (Sl 95)

Primeira Leitura (Is 62,1-5) - Segunda Leitura (1Cor 12,4-11) -  Evangelho (Jo 2,1-11)

  19/01/2025 - SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM 

FAZEI TUDO O QUE ELE VOS DISSER 


Neste segundo domingo do tempo comum, estamos com Jesus e Maria nas bodas de Caná. Não sabemos detalhes do evento, os nomes dos noivos ou do mestre de cerimônia, o tempo da celebração. Mas a presença de Jesus e de Maria naquela ocasião em Caná da Galileia são o testemunho vivo da santidade e das graças associadas àquela união matrimonial. Muitos teólogos manifestam inclusive que foi, neste enlace de santa vocação e harmonia, que Jesus elevou o casamento à condição de sacramento, imagem de suas núpcias eternas com a Santa Igreja.

E o vinho veio a faltar. Nossa Senhora tem a clara percepção da situação constrangedora e aflitiva dos noivos e de suas famílias, porque faltou o vinho. É a Mãe que roga, que intercede, que suplica ao Filho Amado: 'Eles não têm mais vinho' (Jo 2, 3). Medianeira e intercessora de nossas aflições e angústias, de Caná até os confins da terra, Nossa Senhora leva a Jesus as súplicas de todos os seus filhos e filhas de todos os tempos. É ela que nos abre as portas da manifestação da glória de Jesus para a definitiva aliança dos céus com a humanidade pecadora, mediante a sua súplica de Mãe face à angústia humana: 'Fazei tudo o que Ele vos disser' (Jo 2,5).

E eis que havia ali seis talhas de pedra, que foram 'enchidas até a boca' (Jo 2,7). E a água se fez vinho, nas mãos do Salvador. Da angústia, faz-se a alegria; da aflição, tem-se o júbilo; da ansiedade, nasce o alívio e a serenidade. Alegria, júbilo, alívio e serenidade que são os doces frutos da plena santificação. Este vinho nos traz a libertação do pecado e nos coloca nas sendas do céu, pois nos deleita com as graças da virtude, do santo juízo, da sabedoria de Deus. Mas nos cabe encher nossas talhas de água até a boca, prover os nossos corações do mais pleno amor humano, para que a santificação de nossas almas seja completa no coração de Deus.

'Este foi o o início dos sinais de Jesus' (Jo 2,11). Em Caná da Galileia e por Maria, mais que o primeiro milagre, a glória de Jesus foi manifesta à humanidade pecadora. O firme propósito pessoal em busca da virtude e da superação das nossas vicissitudes humanas é a água que será transformada no vinho pela graça e pela misericórdia de Deus em nossos corações aflitos e inquietos, enquanto não repousados na glória eterna. Enchei, portanto, as vossas talhas de água e fazei tudo o que Ele vos disser, com a intercessão de Maria. Eis aí a pequena e a grande via em direção ao Coração de Deus, que nos foi legada um dia em Caná da Galileia.

sábado, 18 de janeiro de 2025

TRATADO SOBRE A HUMILDADE (XVI)


69. A verdadeira razão pela qual Deus concede tantas graças aos humildes é que os humildes são fiéis a essas graças e fazem bom uso delas. Eles as recebem de Deus e as utilizam de maneira agradável a Ele, dando toda a glória a Deus sem reter nada para si mesmos. Isso é como o mordomo fiel que não se apropria de nada que pertença ao seu mestre; e assim merece o louvor e a recompensa dados ao servo fiel mencionado no Evangelho: 'Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito' [Mt 25,21].

Ó minha alma, como te colocas em relação a esta fidelidade para com Deus? Não és como aqueles servos a quem o mestre diariamente confia dinheiro para comprar uma coisa, agora outra, e que cada vez retêm uma pequena moeda para si mesmos, até que, pouco a pouco, tornam-se servos infiéis e grandes ladrões? De igual forma, o nosso orgulho nos torna servos infiéis quando atribuímos a nós mesmos o louvor que é devido apenas a um dom que nos foi confiado por Deus e que deve ser atribuído incondicionalmente a Ele.

Ó Senhor, embora vedes todos os meus furtos, fico maravilhado de que ainda confieis em mim! Considerando minha infidelidade, não sou digno da menor graça, mas fazei-me humilde e eu também serei fiel. É certamente verdade que quem é humilde também é fiel a Deus; porque o homem humilde também é justo em dar a todos o que lhes é devido, e acima de tudo, em render a Deus as coisas que são de Deus, ou seja, em dar-lhe a glória por todo o bem que ele é, todo o bem que tem e por todo o bem que faz; como diz o Venerável Beda: 'Todo o bem que vemos em nós devemos atribuí-lo a Deus e não a nós mesmos' [apud D. Th. in Cat. to 5]. 

70. Agradecer a Deus por todas as bênçãos que recebemos e continuamos a receber é um excelente meio de exercitar a humildade porque, pelo agradecimento, aprendemos a reconhecer o Supremo Doador de todo bem: e por isso é necessário que estejamos sempre humildes diante de Deus. São Paulo nos exorta a render graças por todas as coisas e em todos os tempos: 'Em tudo dai graças' [1 Ts 5,18] e 'dando graças sempre por tudo' [Ef 5, 20]. Mas para que nosso agradecimento seja um ato de humildade, não deve apenas vir dos lábios, mas do coração, com uma firme convicção de que todo o bem nos chega pela infinita misericórdia de Deus. 

Olha para um mendigo que recebeu um considerável presente de um homem rico, com que calor ele deve expressar a sua gratidão! Ele está espantado de que o homem rico tenha se dignado a lhe conceder um presente, protestando que não é digno disso, e que o recebe, não por seu mérito, mas pela nobre bondade do doador, a quem sempre será eternamente grato. Ele fala com o coração porque conhece sua própria miserável condição de pobreza e a benigna condescendência do homem rico. E não deve nosso agradecimento a Deus ser menos do que o agradecimento que se dá de homem para homem? Quando um homem pode assim agradecer outro, não devemos nos envergonhar de que haja homens que sintam mais humildade de coração em relação aos seus semelhantes do que nós em relação a Deus?

Ó meu Deus, agradeço-vos de todo o meu coração por estas bênçãos que recebi somente por vossa bondade, que não mereci e pelas quais nunca vos dei graças até agora! Foi por orgulho que deixei de vos dar as graças que vos são devidas, e é por orgulho que desfrutei de todos os vossos dons como se não os tivesse recebido de vossas mãos. Detesto o meu orgulho, e com a vossa ajuda, lembrarei de vos dar graças sempre e por tudo: 'Bendirei ao Senhor em todo o tempo' [Sl 33,1]; louvar, bendizer e agradecer-vos por todas as vossas misericórdias para todo o sempre: 'As misericórdias do Senhor cantarei para sempre' [Sl 88,1].

71. O ponto importante é que o nosso coração seja humilde, porque é isso que Cristo busca em nós acima de todas as coisas. É inútil consertar a armação e os ponteiros de um relógio, a menos que também ajustemos as engrenagens e os mecanismos, e da mesma forma é inútil, para qualquer um ser modesto na vestimenta e na postura, se não houver verdadeira humildade no coração. Devemos aplicar os ensinamentos de nosso Salvador a nós mesmos: 'Tu, fariseu cego, limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que o exterior também se torne limpo' [Mt 23,26] e aprender com o ensino de São Tomás que 'da nossa disposição interior de humildade procedem sinais em palavras, atos e maneira, pelos quais se manifesta externamente o que está no nosso interior' [2a 2æ, qu. clxi, art. 6].

Admiro a verdade do que tantas vezes se repete nas Sagradas Escrituras, que a humildade é um dom especial de Deus, e que ninguém pode possuí-la por si mesmo, 'a menos que Deus a conceda' [Sb 8,21] mas no tribunal de Deus não haverá desculpas para nós por não termos possuído a humildade, pois nos foi ensinado que poderíamos obtê-la por meio de oração perseverante e, se não usarmos esse meio para obtê-la, será nossa culpa por não termos pedido a Deus por ela, e portanto nossa culpa por não a termos obtido. Nosso Salvador em seu Evangelho diz: 'Pedi e recebereis' [Jo 16,24]. Se desejais algo de Mim, pedi e sereis ouvidos. E pode essa virtude nos custar menos do que o simples esforço de pedi-la a Deus com grande insistência? Portanto, não devemos cessar de pedi-la e, pelo próprio método de obtê-la, nossos corações, nossos olhares, nossas palavras, nossos movimentos, nossa postura e até mesmo nossos pensamentos serão humildes: 'Porque é do coração que saem os pensamentos' [Mt 15,19].

72. Muitas vezes lamentamos não conseguir orar devido às muitas distrações que dificultam nosso recolhimento e secam a fonte de devoção em nossos corações, mas nisso erramos e não sabemos o que estamos dizendo. A melhor oração não é aquela em que estamos mais recolhidos e fervorosos, mas aquela em que somos mais humildes, porque está escrito: 'A oração daquele que se humilha penetrará as nuvens' [Eclo 35,21]. E que distrações de mente e coração podem impedir o exercício da humildade? É precisamente nesses momentos em que nos sentimos irritados e mornos que devemos mostrar nossa humildade. E como? Dizendo: 'Ó Senhor, não sou digno de permanecer aqui falando contigo tão confidencialmente, não mereço a graça da oração, pois é um dom especial que Vós concedestes àqueles que são caros a Vós. Basta-me ser vosso servo, afastando minhas distrações como se afastam as moscas. Pois as moscas não voam em torno da água fervente, mas apenas em torno da água morna, e todas essas distrações surgem da minha grande tibieza. 

Que oração excelente seria essa! Assim orou Josué, e o Senhor ouviu sua oração: 'Tu te humilhaste diante de Deus; e eu também te ouvi, diz o Senhor' [2Cr 34,27]. Assim orou o Rei Davi também na angústia de sua alma e foi livrado: 'Eu me humilhei e Ele me livrou' [Sl 114,6]. Quanto mais a alma se exalta e se deleita em sua própria meditação, mais Deus se exalta acima dessa alma e se mantém distante dela. 'O homem virá de todo coração e haveis de me encontrar' [Jr 29,13]. Desejamos que Deus, em sua misericórdia, se aproxime de nós? Humilhemos-nos. 'Queres que Deus se aproxime de ti?' - diz Santo Agostinho - 'humilha-te, pois quanto mais te elevas, mais Ele estará acima de ti' [Enarr. in Ps. cxli].

('A Humildade de Coração', de Fr. Cajetan (Gaetano) Maria de Bergamo, 1791, tradução do autor do blog)

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

BREVIÁRIO DIGITAL - ICONOGRAFIA CRISTÃ (I)


Ícone de Maria, a Theotokos ('Mãe de Deus' ou literalmente 'Portadora de Deus'). Maria é mostrada em trajes típicos das mulheres judias à época, em cor vermelha, a cor da divindade, segurando o Menino Jesus. A palavra em grego sobre seu ombro direito a identifica como 'guia'. Seu olhar é dirigido a nós, pobres pecadores, mas sua mão direita nos guia em direção ao seu Filho Jesus Cristo (identificado pelas letras IC XC), fonte de todas as graças, que nos abençoa com a mão direita e que, com a mão esquerda, segura um pergaminho, símbolo da sabedoria divina.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

GUARDAI EM VÓS O SANTO TEMOR DE DEUS!

'Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação; humilha teu coração, espera com paciência, dá ouvidos e acolhe as palavras de sabedoria; não te perturbes no tempo da infelicidade, sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que no derradeiro momento tua vida se enriqueça.

Aceita tudo o que te acontecer. Na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo cadinho da humilhação.

Põe tua confiança em Deus e ele te salvará; orienta bem o teu caminho e espera nele. Conserva o temor dele até na velhice.

Vós, que temeis o Senhor, esperai em sua misericórdia, não vos afasteis dele, para que não caiais; vós, que temeis o Senhor, tende confiança nele, a fim de que não se desvaneça vossa recompensa.

Vós, que temeis o Senhor, esperai nele; sua misericórdia vos será fonte de alegria. Vós, que temeis o Senhor, amai-o, e vossos corações se encherão de luz.

Considerai, meus filhos, as gerações humanas: sabei que nenhum daqueles que confiavam no Senhor foi confundido. Pois quem foi abandonado após ter perseverado em seus mandamentos? Quem é aquele cuja oração foi desprezada? Pois Deus é cheio de bondade e de misericórdia, ele perdoa os pecados no dia da aflição. Ele é o protetor de todos os que verdadeiramente o procuram. 

Ai do coração fingido, dos lábios perversos, das mãos malfazejas, do pecador que leva na terra uma vida de duplicidade; ai dos corações tímidos que não confiam em Deus, e que Deus, por essa razão, não protege; ai daqueles que perderam a paciência, que saíram do caminho reto, e se transviaram nos maus caminhos.

Que farão eles quando o Senhor começar o exame? Aqueles que temem o Senhor não são incrédulos à sua palavra, e os que o amam permanecem em sua vereda. Aqueles que temem o Senhor procuram agradar-lhe, aqueles que o amam satisfazem-se na sua Lei. Aqueles que temem o Senhor preparam o coração, santificam suas almas na presença dele.

Aqueles que temem o Senhor guardam os seus mandamentos, têm paciência até que ele lance os olhos sobre eles, dizendo: Se não fizermos penitência, cairemos nas mãos do Senhor, e não nas mãos dos homens, pois a misericórdia dele está na medida de sua grandeza'.

(Eclesástico, 2)

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

'Quem não reconhecerá que justamente nós afirmamos que Maria, assídua companheira de Jesus, desde a casa de Nazaré até ao Calvário, iniciada mais do que qualquer outro nos segredos do seu Coração, dispensadora, por direito de Mãe, de todos os tesouros dos seus méritos, é por tudo isso ajuda ainda mais segura e eficaz para chegar ao conhecimento e amor de Cristo? Prova evidente disso, nos dão infelizmente, com sua conduta deplorável, aqueles homens que, seduzidos pelos artifícios do demônio ou enganados por falsas doutrinas,creem poder dispensar o socorro da Virgem. Miseráveis e infelizes, transcuram Maria com a desculpa de renderem honra somente a Cristo! Ignoram que não se pode encontrar o Menino senão por Maria, sua Mãe'.  

(São Pio X)