35. CATÓLICOS DE BATISMO
Há três classes de católicos, a saber: católicos de batismo, isto é, homens de que se sabe que são católicos porque podem apresentar uma certidão na qual consta que, um dia, foram levados à Igreja e batizados; fora disso, nem por suas crenças e nem por suas práticas, poderá alguém reconhecer que são católicos.
Há católicos domingueiros. Ao chegar o dia do Senhor, tomam o seu devocionário ou mesmo o seu missal, ou não levam nada, e vão à Igreja para ouvir missa tarde e rápida (sem sermão e nem instrução) e feito isso estão quites com Deus toda a semana.
Há católicos de todos os dias. Sabem que ninguém pode ser verdadeiramente católico, quando não o é todas as horas, e se não impregnam de espírito católico todas as suas obras, e se não se comportam como tais em toda ocasião, ordenando sua vida segundo a santa vontade de Deus.
Por que não havemos de ser católicos de verdade? Por que os católicos de batismo são legião, os domingueiros são muitos, e poucos, pouquíssimos, são os católicos de todos os dias?
36. COMO AS MODAS PEGAM
Certo dia, um mau caçador perseguía no juncal de uma lagoa numeroso bando de patos silvestres. Ao vê-lo, fugiram todos. Um, porém, ficou embaraçado e, sobre ele, disparou o caçador a sua carga de chumbos. O tiro pegou-o no rabo. As penas voaram pelos ares, sobrando só duas, tesas e ridículas, na cauda do pato. Teve vergonha de voltar deformado para o meio de seus companheiros, porquanto zombariam dele e de sua desgraça.
Fugiu, pois, para longe e, em sua vida errante, encontrou-se, um dia, junto de uma lagoa com outro bando de patos silvestres. Quando o viram chegar com aquelas duas únicas penas no rabo, os novos companheiros soltaram uma gargalhada e gritaram:
➖ Olhem este espantalho, de onde terá ele escapado?
Um dos patos mais velhos, porém, disse sisudamente:
➖ Pois olhem, parece-me um tipo interessante; talvez venha de Paris e quiçá seja por lá a última moda entre os patos.
Foram perguntar ao recém-chegado e o astuto (que ouvira a conversa) saiu galhardamente do apuro dizendo que, realmente, aquela era a última moda de Paris.
➖ E assenta-se admiravelmente - comentaram as patinhas mais novas.
E dentro de poucos dias, essas patinhas (primeiro uma, depois as outras) foram arrancando as penas do rabo, deixando somente duas à moda do hóspede.
As patas-mães, a princípio, não gostaram muito da novidade; mas, pouco tempo depois, elas também arrancaram as penas do rabo e, pelos arredores da lagoa, só se viam patas sem as penas dos rabos. O pato ridículo triunfara sobre todo o grupo de patos.
Entre os homens, e mormente entre as mulheres, há muitas modas que se originaram à semelhança desta. Vieram através das modistas importadas de Paris ou do cinema semipagão. E como nos parecem ridículas! Quantos sacrifícios para servir à moda e quão poucos para agradar a Deus!
37. A IGREJA INVENCÍVEL
Temeis pelo futuro da Santa Igreja, quando consideráis o ódio e o furor com que a combatem os seus inimigos? Ah! nao vos amedronteis! A história de ontem é a melhor garantia da história de hoje. Muito mais poderosos foram os inimigos da Igreja primitiva - plantinha tenra ainda - do que os perseguidores de hoje, quando ela - árvore frondosa e gigante - resiste impávida aos furacões.
Vede o que sucedeu: quando Diocleciano foi desterrado e morreu como pobre velho desesperado... quando Galeno foi devorado pelos vermes e reconheceu num edito público a injustiça dos seus ataques... quando Maxêncio se afogou no Tibre... quando Maximino expirou no meio de dores atrozes como as que fizera sofrer aos cristãos... quando Licínio caiu sob as armas de Constantino...
A Esposa de Cristo (a Igreja) mostrava-se jovem e triunfadora e saía das catacumbas para empreender suas conquistas vitoriosas, flutuando sobre a sua cabeça uma bandeira branca e azul, na qual estavam gravadas as palavras da eterna Verdade: 'As portas do inferno nunca prevalecerão contra ela!'
38. SALVEMO-NOS NA IGREJA
Os soldados cercam a fortaleza e estão ansiando por atacá-la.
➖ Soldados - brada o general, amanhã assaltaremos a fortaleza.
➖ Por onde, meu general?
➖ Pelo norte; estai prontos para cumprir as minhas ordens!
Todos se calam e preparam as armas. No dia seguinte, o general dá a ordem de assalto. Os soldados atiram-se como leões contra a muralha do norte e tomam a fortaleza. Alguns soldados, porém, por sua própria conta, preferiram atacar a fortaleza pelo sul e, porque desobedeceram as ordens do general, foram fuzilados no campo de batalha. Este é o poder do general; este é dever do exército.
Pois bem; a vida do homem sobre a terra é uma milícia. Somos soldados de um exército, cujo General é o próprio Deus. Viemos a este mundo sem outro fim do que este: conquistar o reino do Céu! Entretanto, Deus, o comandante supremo, nos diz: 'Fora da Igreja não há salvação!'
É inútil queremos conquistar o Céu de outra maneira com nossas próprias idéias e nossos próprios métodos. Seremos vencidos e castigados, se não empregarmos os meios e as armas que Jesus Cristo nos dá por meio da sua Igreja.
(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos' - Volume II, do Pe. Francisco Alves, 1960; com adaptações)