quinta-feira, 18 de setembro de 2025

ORAÇÃO DE AÇÃO DE GRAÇAS APÓS A COMUNHÃO


Dou-vos graças, Senhor santo, Pai onipotente, Deus eterno, a vós que, sem merecimento algum da minha parte, mas como fruto da vossa misericórdia, vos dignastes saciar-me, sendo eu pecador e vosso indigno servo, com o sagrado corpo e com o precioso sangue do vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo.

Eu vos peço que esta comunhão não seja para mim mais uma falta digna de castigo, mas uma súplica eficaz para alcançar o meu perdão; que seja a armadura da minha fé e o escudo da minha boa vontade; que me livre dos meus vícios e apague os meus maus desejos; mortifique a minha concupiscência; aumente em mim a caridade e a paciência, a humildade, a obediência e todas as virtudes. Que seja a minha firme defesa contra as ciladas de todos os meus inimigos, tanto visíveis como invisíveis; serene e regule perfeitamente todos os meus impulsos, da carne e do meu espírito; una-me firmemente a vós, que sois o único e verdadeiro Deus e que seja enfim a feliz consumação do meu destino.

Dignai-vos, Senhor, eu vos suplico, conduzir-me, a mim pecador, ao inefável banquete onde Vós, com o vosso Filho e o Espírito Santo, sois para os vossos santos luz verdadeira, plenitude de graças e alegria eterna, cúmulo de delícias e bem aventuranças e felicidade perpétua. Por Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.

(São Tomás de Aquino)

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

TRATADO SOBRE A HUMILDADE (XL)

Doutrina Moral

Sobre o Vício do Orgulho - Exame Prático 

136. São Tomás [2a 2æ, qu. clxii, art. 1] define o orgulho como uma afeição desordenada contra a razão correta, pela qual o homem se estima a si mesmo e deseja ser estimado pelos outros acima do que realmente é; e como essa afeição se opõe ao raciocínio correto, é certamente um pecado que participa da gravidade de um pecado mortal, porque está em oposição direta à virtude da humildade. São Paulo coloca os orgulhosos na mesma categoria daqueles que 'Deus entregou aos sentimentos depravados e considerou dignos de morte' [Rm 1,28.32], embora às vezes seja apenas um pecado venial, quando a razão não está suficientemente esclarecida ou não há pleno consentimento da vontade [D. Th., loc. cit., art 5].

137. O orgulho está entre os pecados mortais porque é dele que derivam tantos outros pecados, e é por isso que São Paulo, vendo as inúmeras maldades do mundo, chamou a atenção de seu discípulo Timóteo, dizendo: 'Vê quantos são arrogantes, orgulhosos, blasfemos, desobedientes aos pais' [2Tm 3,2], sem amor pelo próximo ou por Deus. De onde você acha que todos esses vícios têm origem? Esta é a fonte: o amor desordenado que todos têm por si mesmos: 'Os homens são amantes de si mesmos', eis a explicação que São Paulo dá para isso e, como observa Santo Agostinho, 'Todos esses males fluem da fonte que ele menciona primeiro: o amor próprio' [Tr. 123 em Jo. lib. iv, De Civ. Dei, c. xiii] e, como diz o mesmo santo, 'esse excesso de amor próprio é apenas orgulho'.

Portanto, podemos concluir disso que quem vence o orgulho vence toda uma série de pecados; de acordo com a explicação dada por São Gregório [Lib. 31, Mor. c. xvii] deste texto de Jó: 'De longe fareja a batalha, a voz troante dos chefes e o alarido dos guerreiros' [Jó 39,25].

138. O orgulho ocupa o primeiro lugar entre os pecados capitais e São Tomás não apenas o coloca entre os pecados capitais, mas acima deles, como transcendendo todos eles, o rei dos vícios que inclui em seu cortejo todos os outros vícios, por isso é chamado na Sagrada Escritura: 'a raiz de todo o mal' [1Tm 6,10] e 'o princípio de todo o pecado' [Eclo 10, 15], porque, assim como a raiz da árvore está escondida sob a terra e envia toda a sua força para os galhos, o orgulho permanece escondido no coração e influencia secretamente todos os pecados por meio de sua ação. Portanto, sempre que cometemos um pecado mortal, estamos na realidade nos opondo e dirigindo nossa própria vontade contra a vontade de Deus.

Jó fala assim do pecador: 'Ele se fortaleceu contra o Todo-Poderoso' [Jó 15,25] e, nesse sentido, também se pode dizer do orgulho que é o maior de todos os pecados, porque os orgulhosos se rebelam contra Deus, colocando-se em oposição a Ele, e não se importam em desagradá-lo para agradar a si mesmos, deixando o Todo Poderoso para se apegar à sua própria insignificância, como diz Santo Agostinho: 'Abandonando Deus, ele busca sua própria vontade e, ao fazê-lo, aproxima-se da insignificância; por isso, os orgulhosos, segundo as Escrituras, são chamados de praticantes de sua própria vontade' [Lib. IV, De Civ. Dei, cap. xiv], o que equivale a dizer, como São Paulo: 'amantes de si mesmos'. E o mesmo santo padre faz esta reflexão: mesmo os pecados veniais cometidos mais por fraqueza do que por malícia podem se tornar mortais se forem agravados pelo orgulho: 'Os pecados se insinuam pela fraqueza humana e, embora pequenos, tornam-se grandes e pesados se o orgulho aumenta o seu peso e a sua medida' [Lib. de Sancta Virginit. cap. ii].

Mas, como Deus jurou detestar esse vício: 'O Senhor Deus jurou por sua própria Alma: Eu detesto o orgulho de Jacó' [Am 6,8], pode ser surpresa que Ele o castigue mais do que todos os outros vícios? Santo Agostinho observa com singular força que, entre todos os pecados pelos quais os pecadores caem, nenhum é tão grande, tão ruinoso ou tão grave quanto o orgulho: 'Entre todas as quedas dos pecadores, nenhuma é tão grande quanto a dos orgulhosos' [Sl 35,12-13].

139. Consideremos agora onde reside o terrível perigo desse vício: 

(i) Porque, enquanto todos os outros vícios destroem apenas as virtudes opostas, como a devassidão destrói a castidade, a ganância destrói a temperança e a ira destrói a mansidão, etc., o orgulho destrói todas as virtudes e, segundo São Gregório, é como um câncer que não apenas corrói um membro, mas ataca todo o corpo: 'como uma doença pestilenta generalizada' [lib. xxxiv, Mor., cap. 18].

(ii) Porque os outros vícios só devem ser temidos quando estamos dispostos ao mal; mas o orgulho, diz Santo Agostinho, insinua-se mesmo quando estamos tentando fazer o bem: 'outros vícios devem ser temidos nos pecados, o orgulho deve ser temido mesmo nas boas ações' [Epist. cxviii] E Santo Isidoro diz: 'O orgulho é pior do que todos os outros vícios, pois brota até mesmo da virtude e sua culpa é menos sentida' [Lib. de Summ. Bono].

(iii Porque, depois de termos lutado contra os outros vícios e os termos vencido, podemos justamente regozijar-nos, mas assim que começamos a regozijar-nos por termos triunfado sobre o orgulho, ele triunfa sobre nós e vence-nos precisamente naquele ato pelo qual nos louvamos por tê-lo vencido. Santo Agostinho diz: 'Quando um homem se alegra por ter vencido o orgulho, este levanta a cabeça de alegria e diz: eis que eu triunfo assim porque tu triunfas' [Aug., Lib. de Nat. et Gr. cap. xxvii].

(iv) Porque se os outros vícios crescem rapidamente, também podemos nos livrar deles rapidamente; mas o orgulho é o primeiro vício que aprendemos e também o último a nos abandonar, como diz Santo Agostinho: 'Para aqueles que estão retornando a Deus, o orgulho é a última coisa a ser vencida, pois foi a primeira causa de seu afastamento de Deus' [Enarr. 2 in Ps. cxviii].

(v) Porque, assim como precisamos de alguma graça especial de Deus para nos capacitar a realizar qualquer uma das boas obras que dizem respeito à nossa salvação eterna, não há vício que impeça tanto o influxo da graça quanto o orgulho; porque 'Deus resiste aos orgulhosos' [Tg 4,6].

(vi) Porque o orgulho é o sinal característico e mais significativo dos réprobos, como diz São Gregório: 'O orgulho é o sinal mais manifesto dos perdidos' [Lib. 34. Mor. cxviii].

(vii) Porque os outros vícios são facilmente reconhecíveis e, portanto, é fácil odiá-los e corrigi-los; mas o orgulho é um vício que não é tão facilmente conhecido, porque se mascara e se disfarça de muitas formas, chegando mesmo a assumir a aparência da virtude e da humildade; sendo assim um vício oculto, é menos fácil escapar dele, como ensina a máxima de Santo Ambrósio: 'As coisas ocultas são mais difíceis de evitar do que as coisas conhecidas' [Epístola 82].

140. Este último perigo é para nós o maior de todos, e ainda mais porque nós mesmos parecemos cooperar para não reconhecer esse vício, inventando subterfúgios e artifícios para esconder sua feiúra e estudando inúmeros pretextos para nos enganarmos, acreditando que o orgulho não é orgulho e não reina em nosso coração no momento em que é mais dominante do que nunca.

Assim como a humildade é geralmente chamada de fraca e desprezível pelos amantes cegos deste mundo, o orgulho é chamado de coragem e grandeza, e os orgulhosos são considerados proativos, dignos, de comportamento nobre e bom julgamento, sustentando sua posição com honra, mantendo sua reputação, mantendo sua posição e cumprindo os deveres de seu estado. Que vocabulário de vaidade! Mas vamos contrapor a ele o vocabulário da verdade que foi usado por Jó: 'Eu disse à podridão: Tu és meu pai; aos vermes: minha mãe e minha irmã' [Jó 17,4].

Se você peneirar essas expressões mundanas, descobrirá que delas emana a quintessência do orgulho mais consumado. Esta é, de fato, a única coisa que peço a vocês: que, se infelizmente foram enganados por outros, pelo menos não se enganem a si mesmos. Estudem para conhecer seus próprios males, se desejam ser curados deles. Recomendo-lhes apenas que se dediquem a aprender a verdade e aproveitem este conselho: se o conhecimento dessa verdade lhes parecer difícil, é sinal de que vocês são orgulhosos.

É o próprio São Tomás que os convencerá disso. Vocês podem aprender a verdade de duas maneiras: pelo intelecto e pelos afetos. O homem orgulhoso não a conhece pelo intelecto, porque Deus a esconde dele, como disse Cristo: 'Tu escondeste estas coisas aos sábios e prudentes' [Mt 11, 25]; e menos ainda a conhecerá com seus afetos, porque ninguém que se deleita na vaidade pode se deleitar na verdade: 'Quando os orgulhosos se deleitam em sua própria excelência' - explica Santo Agostinho - 'eles se afastam da excelência da verdade' [D. Th. 2a 2æ, qu. clxii, art. 3].

O homem orgulhoso não tem nenhum prazer em sermões, meditações ou instruções sobre a verdade eterna; na verdade, todos estes são enfadonhos para ele. Se você descobrir algum sinal disso em si mesmo, deve concluir imediatamente que é orgulhoso e humilhar-se um pouco - você que lê esta doutrina -para que o Pai eterno lhe dê luz, assim como Cristo disse: 'Eu te bendigo, ó Pai, porque revelaste estas coisas aos pequeninos' [Mt 11,25].

('A Humildade de Coração', de Fr. Cajetan (Gaetano) Maria de Bergamo, 1791, tradução do autor do blog)

terça-feira, 16 de setembro de 2025

FRASES DE SENDARIUM (LX)

 

'Eu desejo morrer logo para viver a eternidade com Maria' 

(São Leonardo do Porto Maurício)

Eu sei que Deus vai me pedir contas um dia

e eu sei como será tremenda essa hora:

quero levar comigo só a caridade

o mais que tiver eu vou deixar lá fora...

Mas, mais que tudo, ao reabrir meus olhos,

quero abri-los com Nossa Senhora...

OS PAPAS DA IGREJA (XXXVIII)



segunda-feira, 15 de setembro de 2025

VERSUS: RICOS X POBRES

'Felizes os pobres de espírito porque é deles o reino dos céus' (Mt 5,3). Poderíamos perguntar-nos a que pobres se referia a Verdade ao dizer 'felizes os pobres', se não tivesse acrescentado nada sobre o tipo de pobres de que falava. Pensar-se-ia então que, para merecer o Reino dos Céus, bastaria a indigência de que muitos sofrem devido a uma necessidade penosa e dura. Mas ao dizer: 'felizes os pobres de espírito', o Senhor mostra que o Reino dos Céus deve ser dado aos que são recomendados mais pela humildade da alma, do que pela penúria dos recursos. No entanto, não podemos duvidar de que os pobres adquirem mais facilmente do que os ricos o bem que é esta humildade, pois a doçura é uma amiga da sua indigência, ao passo que o orgulho é o companheiro da opulência dos ricos. 

Porém, também se encontra entre muitos ricos esta disposição de alma que os leva a servirem-se da sua abundância, não para se encherem de orgulho, mas para praticarem a bondade, e que encaram como grande lucro o que gastaram para aliviar a miséria e a infelicidade dos outros... Feliz esta pobreza que não está agrilhoada pelo amor das riquezas materiais; ela não deseja aumentar a sua fortuna neste mundo, antes aspira a tornar-se rica dos bens dos céus.

(São Leão Magno)


Como sois divinamente bom, meu Deus! Se tivésseis chamado os ricos em primeiro lugar, os pobres não teriam ousado aproximar-se de Vós; pensariam que estavam obrigados a manter-se à distância por causa da sua pobreza; ter-vos-iam olhado de longe, deixando que os ricos vos rodeassem. Mas haveis chamado para junto de Vós toda a gente: os pobres, uma vez que assim lhes mostrais, até ao fim dos séculos, que eles são os primeiros a ser chamados, os favoritos, os privilegiados; os ricos porque, por um lado, não são tímidos e por outro, depende deles tornarem-se tão pobres como os pastores. 

Num minuto, se o quiserem, se tiverem o desejo de se assemelhar a Vós, se temerem que as riquezas os afastem de Vós, podem tornar-se perfeitamente pobres. Como sois bom! Como agistes da melhor forma para chamar ao mesmo tempo, para o vosso redor, todos os Vossos filhos, sem nenhuma excepção! E que bálsamo colocastes, até ao fim dos tempos, no coração dos pobres, dos pequenos, dos desdenhados deste mundo, mostrando-lhes, desde o vosso nascimento, que eles são os vossos privilegiados, os vossos favoritos, os primeiros a ser chamados — os sempre chamados para junto de Vós, que quisestes ser um dos seus e estar, desde o vosso nascimento e toda a vossa vida, rodeado por eles.
(São Charles de Foucauld)

domingo, 14 de setembro de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Das obras do Senhor, ó meu povo, não te esqueças!' (Sl 77)
 
Primeira Leitura (Nm 21,4b-9) - Segunda Leitura (Fl 2,6-11) -  Evangelho (Jo 3,13-17)

  14/09/2025 - FESTA DA EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ

CRUZ BENDITA, CRUZ SANTA, CRUZ DE REDENÇÃO ETERNA


'Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem. Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna' (Jo 3, 13 - 15). Cristo, levantado do mundo, para manifestar aos homens a glória de Deus, pelo seu sacrifício cruento de Cruz. Cruz santa, cruz de redenção eterna. Eis o madeiro santo, patíbulo de adoração, pelo qual Deus remiu o mundo pelo derramamento do Sangue Preciosíssimo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo.

O caminho da santidade perpassa pela experiência do Calvário. Quem não subir pelo Gólgota e levar a sua cruz não é digno do Reino dos Céus. O caminho da 'Terra Prometida' começa na Cruz de Cristo e termina na Porta do Céu. Por isso, Jesus desceu à terra para fazer novas todas as coisas e 'subiu ao Céu', para fazer da eternidade o tempo final dos eleitos da graça. Antes de Jesus, os justos tiveram que esperar, na paz dos que se sabiam salvos, o anseio da felicidade eterna junto de Deus.

Acabou-se o tempo de louvação a imagens nascidas do imaginário humano; o maná descido do Céu tomou a forma do próprio Deus feito homem. É Cristo que passa, é Cristo que ensina nas sinagogas, nas praças, nos montes, nas barcas da vida: tudo, entretanto, tudo em Cristo leva a um mesmo lugar e a um mesmo momento: a agonia da cruz, cruz bendita, cruz santa, cruz de salvação: 'Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele' (Jo 3, 16-17).

A cruz de Cristo é o símbolo da glória de Deus, da redenção da humanidade pecadora, do triunfo da fé cristã. E essa expressão máxima de fé e do gáudio celeste foi manifestada a Nicodemos, um fariseu e membro do Sinédrio, que foi capaz de abandonar o imaginário dos homens para se iluminar da glória de Deus. No Evangelho deste domingo, proclamamos que Nicodemos foi o primeiro a ser irradiado pela revelação da cruz; neste dia da Exaltação da Santa Cruz, referendamos essa dádiva e nos unimos a ele para compartilhar de tão grandes privilégios: 'Per crucem ad lucem — É pela cruz que se chega à luz'.

sábado, 13 de setembro de 2025

AMANHÃ - 14 DE SETEMBRO - EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ

   

'Quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim' (Jo 12, 32)

A Festa da Exaltação da Santa Cruz tem origem na descoberta do Sagrado Lenho por Santa Helena, mãe do imperador Constantino, e na dedicação de duas basílicas construídas por ele, uma no Calvário e outra no Santo Sepulcro, dedicação esta realizada no dia 14 de setembro do ano de 335. No ano de 629, a celebração tomou grande vulto com a restituição da Santa Cruz pelo imperador Heráclio, retomada dos persas que a haviam furtado. Levada às costas pelo próprio imperador, de Tiberíades até Jerusalém, a Santa Cruz foi entregue, então, ao Patriarca Zacarias de Jerusalém.

O imperador Constantino e sua mãe, Santa Helena, veneram a Santa Cruz 

Conta-se, então, que o imperador Heráclio, coberto de ornamentos de ouro e pedrarias, não conseguia passar com a cruz pela porta que conduzia até o Calvário; quanto mais se esforçava nesse sentido, mais parecia ficar retido no mesmo lugar. Zacarias, diante desse fato, ponderou ao imperador que a sua ornamentação luxuosa não refletia a humildade de Cristo. Despojado, então, da vestimenta, e com pés descalços, o imperador completou sem dificuldades o trajeto final, encimando no lugar próprio a Cruz no Calvário, de onde tinha sido retirada pelos persas.

A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo converteu a Cruz de um objeto de infâmia e repulsa na glória maior da fé cristã. A Festa da Exaltação da Cruz celebra, portanto, o triunfo de Jesus Cristo sobre o mundo e a imprimação do Evangelho no coração de toda a humanidade.

SALVE CRUX SANCTA

Salve, crux sancta, salve mundi gloria,
vera spes nostra, vera ferens gaudia,
signum salutis, salus in periculis,
vitale lignum vitam portans omnium.

Te adorandam, te crucem vivificam,
in te redempti, dulce decus sæculi,
semper laudamus, semper tibi canimus,
per lignum servi, per te, lignum, liberi.

Originale crimen necans in cruce
nos a privatis, Christe, munda maculis, 
humanitatem miseratus fragilem 
per crucem sanctam lapsis dona veniam.

Protege salva benedic sanctifica 
populum cunctum crucis per signaculum, 
morbos averte corporis et animae 
hoc contra signum nullum stet periculum.

Sit Deo Patri laus in cruce filii 
sit coequalis laus sancto spiritui, 
civibus summis gaudium et angelis 
honor sit mundo crucis exaltatio. Amen.


Salve Santa Cruz, salve ó glória do mundo, nossa verdadeira esperança que traz verdadeira alegria, sinal da salvação, proteção nos perigos, árvore viva que suporta a vida de todos nós. 

Nós vos adoramos, em vós nos vivificamos; por vós redimidos, no esplendor perene dos séculos, vos saudamos e louvamos para todo o sempre, escravos pelo lenho e, por vós, ó Lenho, libertados.

Vós que vencestes o pecado original na cruz, livrai-nos, ó Cristo, de nossas próprias culpas, tende piedade da nossa miséria humana e, pela Santa Cruz, perdoai os que caíram.  

Protegei, salvai, abençoai e santificai todo o vosso povo pelo Sinal da Cruz, protegei-nos contra todo o mal do corpo e da alma e que perigo algum prevaleça diante este Sinal.

Louvado seja Deus Pai na Cruz do seu Filho! Louvor igual seja dado ao Espírito Santo! Que a Exaltação da Cruz seja a suprema alegria dos eleitos e dos anjos no Céu e um esplendor de glória para o mundo. Amém.
(tradução do autor do blog)