'Você pode sofrer com Cristo ou sofrer sem Ele'
Essa é a nossa verdadeira e decisiva escolha. Porque viver é uma luta constante e impossível sem tribulações de toda espécie. O Céu não é aqui. Aqui é o caminho para o Céu, moldado e construído por aflições, quedas, tropeços, sofrimento... Sim, há que se desejar e buscar ardentemente a suavidade da graça, a paz interior, a felicidade de uma vida simples e com saúde. Mas tudo - tudo mesmo - nesta vida, é transitório e fugaz. O que se apreende hoje com força nas duas mãos, amanhã é apenas fumaça que se esvai entre os dedos. O que hoje nos impulsiona como artífices de toda obra e toda intenção, amanhã nos abandona à prostração completa de corpo e de alma.
Eis, portanto, a única via de viver neste mundo: um caminho de pedras, um longo caminho de muitas pedras... cuja medida é a cruz que se leva nesta longa via. O sofrimento não é uma atribuição exclusiva dos santos, a dor não é intrínseca aos arautos da graça divina. O que separa os filhos dos homens dos filhos de Deus é a maneira com que cada um leva a sua cruz, se a renega e se revolta contra ela, ou se a acolhe e a abraça como instrumento de graça e salvação.
Viver é carregar a cruz de cada dia com Cristo ou sem Cristo. Para uns, sofrimento perdido e caminho sem rumo. Como filhos de Deus, a nossa escolha é simples: sofrer com Cristo e compartilhar a nossa cruz com a Cruz do Calvário: 'Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve (Mt 11,28-30).