terça-feira, 16 de setembro de 2025

FRASES DE SENDARIUM (LX)

 

'Eu desejo morrer logo para viver a eternidade com Maria' 

(São Leonardo do Porto Maurício)

Eu sei que Deus vai me pedir contas um dia

e eu sei como será tremenda essa hora:

quero levar comigo só a caridade

o mais que tiver eu vou deixar lá fora...

Mas, mais que tudo, ao reabrir meus olhos,

quero abri-los com Nossa Senhora...

OS PAPAS DA IGREJA (XXXVIII)



segunda-feira, 15 de setembro de 2025

VERSUS: RICOS X POBRES

'Felizes os pobres de espírito porque é deles o reino dos céus' (Mt 5,3). Poderíamos perguntar-nos a que pobres se referia a Verdade ao dizer 'felizes os pobres', se não tivesse acrescentado nada sobre o tipo de pobres de que falava. Pensar-se-ia então que, para merecer o Reino dos Céus, bastaria a indigência de que muitos sofrem devido a uma necessidade penosa e dura. Mas ao dizer: 'felizes os pobres de espírito', o Senhor mostra que o Reino dos Céus deve ser dado aos que são recomendados mais pela humildade da alma, do que pela penúria dos recursos. No entanto, não podemos duvidar de que os pobres adquirem mais facilmente do que os ricos o bem que é esta humildade, pois a doçura é uma amiga da sua indigência, ao passo que o orgulho é o companheiro da opulência dos ricos. 

Porém, também se encontra entre muitos ricos esta disposição de alma que os leva a servirem-se da sua abundância, não para se encherem de orgulho, mas para praticarem a bondade, e que encaram como grande lucro o que gastaram para aliviar a miséria e a infelicidade dos outros... Feliz esta pobreza que não está agrilhoada pelo amor das riquezas materiais; ela não deseja aumentar a sua fortuna neste mundo, antes aspira a tornar-se rica dos bens dos céus.

(São Leão Magno)


Como sois divinamente bom, meu Deus! Se tivésseis chamado os ricos em primeiro lugar, os pobres não teriam ousado aproximar-se de Vós; pensariam que estavam obrigados a manter-se à distância por causa da sua pobreza; ter-vos-iam olhado de longe, deixando que os ricos vos rodeassem. Mas haveis chamado para junto de Vós toda a gente: os pobres, uma vez que assim lhes mostrais, até ao fim dos séculos, que eles são os primeiros a ser chamados, os favoritos, os privilegiados; os ricos porque, por um lado, não são tímidos e por outro, depende deles tornarem-se tão pobres como os pastores. 

Num minuto, se o quiserem, se tiverem o desejo de se assemelhar a Vós, se temerem que as riquezas os afastem de Vós, podem tornar-se perfeitamente pobres. Como sois bom! Como agistes da melhor forma para chamar ao mesmo tempo, para o vosso redor, todos os Vossos filhos, sem nenhuma excepção! E que bálsamo colocastes, até ao fim dos tempos, no coração dos pobres, dos pequenos, dos desdenhados deste mundo, mostrando-lhes, desde o vosso nascimento, que eles são os vossos privilegiados, os vossos favoritos, os primeiros a ser chamados — os sempre chamados para junto de Vós, que quisestes ser um dos seus e estar, desde o vosso nascimento e toda a vossa vida, rodeado por eles.
(São Charles de Foucauld)

domingo, 14 de setembro de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Das obras do Senhor, ó meu povo, não te esqueças!' (Sl 77)
 
Primeira Leitura (Nm 21,4b-9) - Segunda Leitura (Fl 2,6-11) -  Evangelho (Jo 3,13-17)

  14/09/2025 - FESTA DA EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ

CRUZ BENDITA, CRUZ SANTA, CRUZ DE REDENÇÃO ETERNA


'Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem. Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna' (Jo 3, 13 - 15). Cristo, levantado do mundo, para manifestar aos homens a glória de Deus, pelo seu sacrifício cruento de Cruz. Cruz santa, cruz de redenção eterna. Eis o madeiro santo, patíbulo de adoração, pelo qual Deus remiu o mundo pelo derramamento do Sangue Preciosíssimo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo.

O caminho da santidade perpassa pela experiência do Calvário. Quem não subir pelo Gólgota e levar a sua cruz não é digno do Reino dos Céus. O caminho da 'Terra Prometida' começa na Cruz de Cristo e termina na Porta do Céu. Por isso, Jesus desceu à terra para fazer novas todas as coisas e 'subiu ao Céu', para fazer da eternidade o tempo final dos eleitos da graça. Antes de Jesus, os justos tiveram que esperar, na paz dos que se sabiam salvos, o anseio da felicidade eterna junto de Deus.

Acabou-se o tempo de louvação a imagens nascidas do imaginário humano; o maná descido do Céu tomou a forma do próprio Deus feito homem. É Cristo que passa, é Cristo que ensina nas sinagogas, nas praças, nos montes, nas barcas da vida: tudo, entretanto, tudo em Cristo leva a um mesmo lugar e a um mesmo momento: a agonia da cruz, cruz bendita, cruz santa, cruz de salvação: 'Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele' (Jo 3, 16-17).

A cruz de Cristo é o símbolo da glória de Deus, da redenção da humanidade pecadora, do triunfo da fé cristã. E essa expressão máxima de fé e do gáudio celeste foi manifestada a Nicodemos, um fariseu e membro do Sinédrio, que foi capaz de abandonar o imaginário dos homens para se iluminar da glória de Deus. No Evangelho deste domingo, proclamamos que Nicodemos foi o primeiro a ser irradiado pela revelação da cruz; neste dia da Exaltação da Santa Cruz, referendamos essa dádiva e nos unimos a ele para compartilhar de tão grandes privilégios: 'Per crucem ad lucem — É pela cruz que se chega à luz'.

sábado, 13 de setembro de 2025

AMANHÃ - 14 DE SETEMBRO - EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ

   

'Quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim' (Jo 12, 32)

A Festa da Exaltação da Santa Cruz tem origem na descoberta do Sagrado Lenho por Santa Helena, mãe do imperador Constantino, e na dedicação de duas basílicas construídas por ele, uma no Calvário e outra no Santo Sepulcro, dedicação esta realizada no dia 14 de setembro do ano de 335. No ano de 629, a celebração tomou grande vulto com a restituição da Santa Cruz pelo imperador Heráclio, retomada dos persas que a haviam furtado. Levada às costas pelo próprio imperador, de Tiberíades até Jerusalém, a Santa Cruz foi entregue, então, ao Patriarca Zacarias de Jerusalém.

O imperador Constantino e sua mãe, Santa Helena, veneram a Santa Cruz 

Conta-se, então, que o imperador Heráclio, coberto de ornamentos de ouro e pedrarias, não conseguia passar com a cruz pela porta que conduzia até o Calvário; quanto mais se esforçava nesse sentido, mais parecia ficar retido no mesmo lugar. Zacarias, diante desse fato, ponderou ao imperador que a sua ornamentação luxuosa não refletia a humildade de Cristo. Despojado, então, da vestimenta, e com pés descalços, o imperador completou sem dificuldades o trajeto final, encimando no lugar próprio a Cruz no Calvário, de onde tinha sido retirada pelos persas.

A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo converteu a Cruz de um objeto de infâmia e repulsa na glória maior da fé cristã. A Festa da Exaltação da Cruz celebra, portanto, o triunfo de Jesus Cristo sobre o mundo e a imprimação do Evangelho no coração de toda a humanidade.

SALVE CRUX SANCTA

Salve, crux sancta, salve mundi gloria,
vera spes nostra, vera ferens gaudia,
signum salutis, salus in periculis,
vitale lignum vitam portans omnium.

Te adorandam, te crucem vivificam,
in te redempti, dulce decus sæculi,
semper laudamus, semper tibi canimus,
per lignum servi, per te, lignum, liberi.

Originale crimen necans in cruce
nos a privatis, Christe, munda maculis, 
humanitatem miseratus fragilem 
per crucem sanctam lapsis dona veniam.

Protege salva benedic sanctifica 
populum cunctum crucis per signaculum, 
morbos averte corporis et animae 
hoc contra signum nullum stet periculum.

Sit Deo Patri laus in cruce filii 
sit coequalis laus sancto spiritui, 
civibus summis gaudium et angelis 
honor sit mundo crucis exaltatio. Amen.


Salve Santa Cruz, salve ó glória do mundo, nossa verdadeira esperança que traz verdadeira alegria, sinal da salvação, proteção nos perigos, árvore viva que suporta a vida de todos nós. 

Nós vos adoramos, em vós nos vivificamos; por vós redimidos, no esplendor perene dos séculos, vos saudamos e louvamos para todo o sempre, escravos pelo lenho e, por vós, ó Lenho, libertados.

Vós que vencestes o pecado original na cruz, livrai-nos, ó Cristo, de nossas próprias culpas, tende piedade da nossa miséria humana e, pela Santa Cruz, perdoai os que caíram.  

Protegei, salvai, abençoai e santificai todo o vosso povo pelo Sinal da Cruz, protegei-nos contra todo o mal do corpo e da alma e que perigo algum prevaleça diante este Sinal.

Louvado seja Deus Pai na Cruz do seu Filho! Louvor igual seja dado ao Espírito Santo! Que a Exaltação da Cruz seja a suprema alegria dos eleitos e dos anjos no Céu e um esplendor de glória para o mundo. Amém.
(tradução do autor do blog)

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

SOBRE AS ÚLTIMAS QUATRO COISAS (II)

 

PARTE I - SOBRE A MORTE

II. Sobre os Ataques de Satanás na Hora da Morte

Embora a morte seja em si mesma muito amarga, sua amargura é ainda mais intensificada pela lembrança vívida dos pecados de nossa vida passada, pelo pensamento do julgamento que está por vir, da eternidade que temos diante de nós e pelos ataques de Satanás. Essas quatro coisas enchem a alma de tal terror que ela inevitavelmente se desesperaria, a menos que fosse fortalecida pela ajuda de Deus. Vamos entrar em algumas explicações sobre cada uma dessas quatro coisas e também indicar alguns meios de combater os medos que elas inspiram.

Com relação aos ataques de Satanás, saiba que o Deus totalmente justo permite que ele tenha grande poder para nos atacar na hora da morte; não para nossa perdição, mas para nossa provação. Antes de expirar, o cristão ainda tem que provar que nada pode fazê-lo abandonar seu Deus. Por essa razão, o inimigo maligno emprega todo o poder que recebeu e usa todas as suas forças contra o homem quando ele está morrendo, na esperança de fazê-lo pecar e empurrá-lo para o inferno. Durante toda a nossa vida, ele nos ataca ferozmente e não negligencia nenhum meio pelo qual possa nos enganar. Mas todas essas perseguições não se comparam ao ataque final com o qual ele se esforça para nos vencer no fim. Então ele se enfurece no limite, como um leão rugindo, procurando quem possa devorar.

Isso aprendemos na seguinte passagem do Apocalipse: 'Ai da terra e do mar, porque o diabo desceu a vós, tendo grande ira, sabendo que tem pouco tempo' (Ap 12,12). Essas palavras têm uma aplicação especial para os moribundos, contra os quais o diabo concebe uma grande ira e a quem ele faz todos os esforços para seduzir. Pois ele sabe muito bem que, se não os colocar sob seu poder agora, nunca mais terá a chance de fazê-lo. Ouça o que São Gregório diz sobre esse ponto: 'Considerem bem como é terrível a hora da morte e como será assustadora a lembrança de nossas más ações naquele momento. Pois os espíritos das trevas recordarão todo o mal que nos fizeram e nos lembrarão dos pecados que cometemos por sua instigação. Eles não irão apenas ao leito de morte dos ímpios, mas estarão presentes com os eleitos, esforçando-se para descobrir algo pecaminoso de que possam acusá-los. Ai de nós! Como será para nós, mortais infelizes, naquela hora, e o que poderemos dizer em nossa defesa, vendo quantos são os pecados que nos serão imputados? O que poderemos responder aos nossos adversários, quando eles colocarem todos os nossos pecados diante de nós, com o objetivo de nos levar ao desespero?'

Os espíritos malignos tentarão sua infeliz vítima no momento da morte em vários pontos, mas especialmente no que diz respeito aos pecados em que ela mais frequentemente caiu. Se durante sua vida ela nutriu ódio por alguém, eles conjurarão diante de seus olhos moribundos a imagem dessa pessoa, relembrando tudo o que ela fez para prejudicá-la, a fim de reavivar a chama do ódio contra esse inimigo ou acendê-la novamente. Ou, se alguém transgrediu contra a pureza, eles lhe mostrarão o cúmplice de seu pecado e se esforçarão para despertar a paixão culpada que sentia por essa pessoa. Se ele foi atormentado por dúvidas sobre a fé, eles lhe lembrarão o artigo de crença que ele tinha dificuldade em aceitar, representando-o como falso. Se um homem tem tendência à pusilanimidade, os espíritos malignos a incentivarão nela, para que possam roubar-lhe a esperança da salvação. O homem que pecou por orgulho e se gabou de suas boas obras, procurarão enganar com bajulação, assegurando-lhe que ele está em alta graça com Deus e que tudo o que fez não pode deixar de garantir-lhe um lugar no céu. Novamente, se durante sua vida um homem cedeu à impaciência, permitindo-se ficar zangado e irritado com cada ninharia, eles fazem com que sua doença pareça mais incômoda para ele, para que se torne impaciente e se rebele contra Deus por ter lhe enviado uma doença tão dolorosa.

Ou, se ele foi indiferente e pouco devoto, sem fervor na oração ou assiduidade em seus exercícios religiosos, eles tentarão manter em sua alma esse estado de apatia, sugerindo-lhe que sua fraqueza física é grande demais para permitir que ele se junte às orações que seus familiares fazem por ele. Finalmente, eles tentarão aqueles que levaram uma vida ímpia e repetidamente caíram em pecado mortal, levando-os ao desespero, representando suas transgressões como sendo tão grandes que estão além do perdão. Em uma palavra, os espíritos do mal atacam os mortais no momento da morte com mais ferocidade em seu ponto mais vulnerável, assim como um general habilidoso atacará uma fortaleza pelo lado onde percebe que as muralhas são mais fracas.

Mas os demônios nem sempre se limitam a tentar o homem em relação às suas principais falhas e defeitos predominantes; frequentemente o tentam a cometer pecados dos quais ele até então não era culpado. Pois esses inimigos astutos não poupam esforços para enganar os moribundos e, se falham de uma maneira, tentam ter sucesso de outra. Essas tentações não são de caráter comum. Às vezes são tão violentas que é impossível para os mortais fracos resistir a elas sem ajuda sobrenatural. Se tudo o que alguém em boa saúde pode fazer é resistir aos ataques do demônio, e mesmo assim muitas vezes é vencido por eles, quão difícil deve ser para alguém enfraquecido pela doença lutar contra inimigos tão poderosos!

Sobre este ponto, um escritor piedoso disse: 'A menos que o moribundo, antes de sua última doença, tenha se armado contra esses ataques e se acostumado a lutar contra seus adversários espirituais, ele tem poucas chances de prevalecer contra eles no momento da morte. Se o fizer, será apenas com a ajuda do Deus Todo-Poderoso, de Nossa Senhora, de seu anjo da guarda ou de um dos santos. Pois nosso Deus misericordioso e seus anjos e santos abençoados não abandonam o cristão na hora de sua maior necessidade; eles correm em seu auxílio, isto é, desde que ele seja digno de sua ajuda'. A fim de se preparar antes da última doença para combater essas tentações, é aconselhável recitar com a devida devoção a seguinte oração.

ORAÇÃO

Ó Jesus, compassivo Redentor da humanidade, recordando a tripla tentação que sofrestes do inimigo maligno vos  rogo, pela vossa gloriosa vitória sobre ele, que estejais ao meu lado no meu último conflito e me fortaleceis contra todas as suas tentações. Sei que, com minhas próprias forças, não posso lutar contra um inimigo tão poderoso e certamente serei vencido, a menos que Vós e vossos santos abençoados, me concedais a ajuda oportuna. Portanto, imploro sinceramente o vosso auxílio e a dos vossos santos, e proponho armar-me da melhor maneira possível com a vossa graça, para enfrentar as tentações que me aguardam. Prometo pois, diante de Vós, dos santos anjos e dos santos abençoados, que nunca me exporei voluntariamente a qualquer tentação, seja ela de que natureza for, mas com a ajuda da vossa graça, hei de combatê-las com todas as minhas forças. Amém.

(Excertos da obra 'The Four Last Things - Death, Judgment, Hell and Heaven', do Pe. Martin Von Cochem, 1899; tradução do autor do blog)


quinta-feira, 11 de setembro de 2025

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

'Engana-se nos seus cálculos aquele que se afadiga aos domingos, com a ideia de que vai ganhar mais dinheiro ou trabalhar mais! Dois ou três francos compensam o mal que faz a si próprio violando a lei de Deus? Estais convencidos de que tudo depende do vosso trabalho; e eis que surge uma doença, um acidente, pouca coisa: uma tempestade, uma geada... Trabalhai, não pelo alimento que perece, mas por aquele que dura para a vida eterna. Que ganhais em trabalhar aos domingos? Deixareis a Terra como está quando partirdes: nada levareis convosco. A nossa primeira finalidade é chegar a Deus; é só para isso que estamos neste mundo. Meus irmãos, temos de morrer no domingo para ressuscitar na segunda-feira. 

O domingo pertence a Deus: é o seu dia, o Dia do Senhor. Ele fez todos os dias da semana, e podia ficar com todos. Mas deu-nos seis, reservando para si somente o sétimo!'
(Santo Cura d'Ars)